A Alemanha entrou na guerra contra o cigarro. Reparem nas fotos , que os carros não tem propaganda das fumageiras.
Durante os treinos, como era esperado, as Lotus MK4 continuaram imbatíveis.
Fizeram primeiro e segundo no grid, com Andretti e Peterson, respectivamente.
Os carros de Chapman estão sobrando e todas as outras equipes tentam copiar as suas soluções aerodinâmicas.
Andretti chegou ao GP da Alemanha com quatro vitórias em 10 corridas.
A Brabham-Alfa Romeo BT 45 fez um grande treino. Seus pilotos conseguiram ótima posição no grid. Niki Lauda ficou com o terceiro posto e John Watson com o quinto.
Niki Lauda declarou que o seu Brabham era perfeito. Apenas não conseguia acompanhar as Lótus.
O austríaco ainda disse que Andretti e Peterson, com pneus de corrida, eram mais rápidos que ele com pneus de classificação.
Jody Scheckter conseguiu a quarta colocação com o seu Wolf WR5.
James Hunt jogou Vittorio Brambilla no guard-rail da entrada dos boxes em uma clara vingança por ter sido prejudicado por ele na sua tentativa de volta mais rápida.
O Copersucar F5A de Emerson Fittipaldi pesava 643 kg no Grande Premio anterior. Para o GP da Alemanha, ele foi emagrecido e passou a ter 603 kg. Ainda está longe dos 575 das Lótus, Ferrari e Williams. Com uma nova distribuição de pesos, apresentou um bom equilíbrio.
Emerson conseguiu um ótimo 10o lugar no grid, a frente da decepcionante Ferrari, que obteve apenas 0 12o lugar com Carlos Reutemann e o 15o com Gilles Villeneuve.
Carlos Reutemann definiu a sua Ferrari como uma anedota nas curvas de alta e uma desgraça nas de baixa.
Nelson Piquet fazia a sua estréia na fórmula 1.
Sem conhecer o carro, um Ensign, classificou-se em 21o lugar, a frente do primeiro piloto da equipe, Harald Ertl e de mais 8 pilotos. Em 1978 eram trinta carros disputando a classificação de 24.
A corrida.
30 graus.
Duzentas mil pessoas.
O diretor da prova precipitou-se ao acionar a luz verde imediatamente depois da vermelha, causando a maior confusão.
Jody Scheckter deixou o motor morrer e saiu em último.
Emerson largou em 10o lugar e deu de cara com o Scheckter quase parado. Tirou o pé do acelerador e desviou para a direita. Vários carros passaram por ele.
Rosberg bateu em Depailler.
Stommelen bateu em Tambay.
Ronnie Peterson largou melhor e assumiu a ponta, seguido por Andretti.
Peterson estava tranqüilo na ponta, só cedendo a liderança para Andretti por ordem de Colin Chapman.
Assim, Andretti assumiu a ponta na quinta volta.
As duas Lotus dispararam. Sumiram na frente.
Nelson Piquet procurava manter-se na corrida. Ganhava posições a medida que os outros pilotos quebravam. Piquet não atrapalhou os competidores mais rápidos e fez o que pode com um carro cujo motor não passava dos 10 mil giros.
Sua tática funcionou até o motor quebrar.
Morris Nunn, satisfeito, convidou Piquet para guiar o Ensign nos GPs restantes. O convite não foi aceito. Piquet declarou na época:
Aceitei guiar o Ensign na Alemanha quando eles me convidaram. Mas nos outros GPs vou guiar o McLaren M23 da equipe Chesterfield, onde fiz o primeiro teste na fórmula 1. Já tinha combinado isso com eles e não vou voltar atrás.
Já Emerson Fittipaldi, pilotando com o estilo de um campeão, ganhava posições na pista com o braço. Emerson usava o miolo do circuito de Hockenheim para encostar em Villeneuve. Ele grudava no canadense. Logo depois do Staduim, Emerson chegava a emparelhar com Villeneuve. Porém, na reta ele sumia. Chegava no miolo e tudo se repetia.
A luta durou 7 voltas, até Emerson conseguir a ultrapassagem no cotovelo, depois da primeira curva do Staduim, ao retardar a freada ao máximo.
Emerson abriu e foi para cima de Pironi. O piloto da Tyrrell resistiu.
Comecou tudo de novo. Emerson encostava no miolo e Pironi respirava na reta. Seis voltas depois, o brasileiro fez a ultrapassagem no mesmo lugar e utilizando a mesma manobra anterior.
Emerson assumiu a quarta colocação.
Peterson, com problemas no cambio, abandonou a corrida.
Entretanto, o melhor piloto da corrida foi Jody Scheckter.
Largando em último, o sul-africano foi a sensação do GP da Alemanha.
Foi passando todo mundo até chegar ao segundo lugar.
Seu ritmo era extraordinário. Conduziu o seu carro de maneira muito rápida e segura. Imprimiu um trem de carreira consistente.
Scheckter , depois da prova, comunicou a assinatura de contrato com a Ferrari pela notável quantia de 1 milhao de dólares anuais.
A imprensa italiana não gostou. Eles queriam Riccardo Patrese.
Scheckter terminou a corrida em segundo lugar.
A sua frente apenas o inatingível Lotus de Andretti.
Mário Andretti ganhou a prova, conquistando a sua quinta vitória, em onze corridas disputadas.
Andretti era um grande piloto, embora, com o carro que tinha, corria sempre em posição excepcionalmente privilegiada em relação aos demais.
Jacques Laffite andou bem.
Beneficiou-se das quebras de vários carros, é verdade, mas soube conduzir com classe a sua Ligier até o final.
Terminou em terceiro.
Emerson, como já foi dito, terminou em memorável quarto lugar.
Didier Pironi estava andando mais que o carro.
Todos apostavam que o Tyrrell não agüentaria o calor.
Fez uma corrida muito boa, considerando que o Tyrrell não é mais um carro de ponta.
Chegou em quinto lugar.
Hector Rebaque fez a sua melhor corrida na fórmula 1.
Conquistou um ponto histórico.
Seu desempenho ficou ainda mais valorizado pelo fato de o seu Lótus ser de um modelo mais antigo em relação aos de Andretti e Peterson.
Campinas, 08 de janeiro de 2000
Cláudio Medaglia