Campinas, 17 de Dezembro de 2000


GRANDE PREMIO DA SUÉCIA DE 1978


Niki Lauda ganhou, presenteou a Brabham com uma vitória depois de tres anos e provocou protestos generalizados pela utilizacao do exaustor criado pelo genial Gordon Murray.

Os treinos para a oitava etapa do campeonato foram realizados com todas as atencoes voltadas para os carros pilotados por Lauda e Watson.

A equipe Brabham colaborou com o clima de fofocas e intrigas. Os mecânicos cobriam os exaustores dos carros assim que eles entrassem nos boxes.

A jogada de Murray era que o sistema permitia mais pressao aerodinamica no eixo traseiro que um aerofólio com um angulo ponunciado e obtinha a vantagem adicional de permitir a utilizacao de um aerofólio neutro, com evidente ganho nas retas.


Bernie Ecclestone, entao proprietário da Brabham, repetia a explicacao do projetista Gordon Murray, dizendo que o exaustor foi construido para melhorar o resfriamento do radiador de água.

O Brabham BT 46 é totalmente carenado, inclusive e principalmente cobrindo o motor e o câmbio. Abaixo do aerofólio traseiro foram instalados o exaustor e o radiador de água. Para compensar o desequilibrio dos pesos, Murray projetou uma nova frente, cujos spoillers tinham uma angulacao maior em relacao aos antigos Brabham. O nariz era fino e tinha laterais em forma de piramide.


Mario Andretti, revoltado e prevendo problemas para a sua, até entao, imbatível Lotus 79, dizia que a alegacao de que o exaustor servia para a refrigeracao era um desrespeito a inteligencia dele. Afirmou também, bastante irritado, que a Brabham atirava pedras e detritos nos pilotos de trás.

Jody Scheckter, piloto do Wolf WR5, tinha outra interpretacao para o assunto. Scheckter dizia que as rodas traseiras de um carro de F1, com suas 18 polegadas de largura, também atiravam pedras para trás com a forca de balas de um revólver. O futuro campeao mundial de 1979 foi, na minha opiniao, definitivo quando disse que Gordon Murray tinha dado um salto à frente de todas as outras equipes pois, além de eficiente, o invento era muito barato e, por isso mesmo, genial e digno de aplausos.

A pole position ficou com Mário Andretti, seguido pelas Brabham de Watson e Lauda. Em quarto lugar encontramos a Lotus de Peterson.

As surpresas comecaram com a 5a colocacao obtida pelo jovem Riccardo Patrese, a bordo de sua Arrows FA1. O desempenho de Patrese, considerado a revelacao do ano, foi ainda mais destacado pelo fato de o seu companheiro de equipe, Rolf Stommelen, Ter ficado com a última posicao no grid.

Em 6o lugar, Jody Scheckter provou que o seu Wolf WR5 está melhorando. Durante boa parte dos treinos a pole positio era sua.

As duas Ferraris ficaram em 7o e 8o, com Villeneuve e Reutemann, respectivamente.

Emerson Fittipaldi, pilotando um Copersucar Fittipaldi F5A, ficou em 13o lugar no grid. Emerson argumentou que os reforcos na carroceria aumentaram o peso do carro de 615 para 640 kg.

É importante destacar a evolucao, lenta e gradual, do único carro turbo da F1 em 1978. Jabouille, pilotando o Renault Turbo RS 01 ficou com o 10o tempo.

A largada do Grande Premio da Suécia foi dada com tempo quente e seco, no circuito de Anderstorp, em um Domingo 17 de junho de 1978.


Andretti pulou na frente, seguido por Lauda que fez uma excelente largada.

Seu companheiro, Watson, ao contrário, fez uma droga de largada e caiu para 5o lugar.

Em 3o estava Patrese, seguido por Peterson, Scheckter, Reutemann e Jones.

Em 8o vinha Villeneuve, perseguido por Depailler, Jabouille, Laffite, Tambay, Hunt, Emerson, Regazzoni, Brambilla, Pironi e Stuck.

Andretti e Lauda se distanciaram dos outros.

A Suécia e o mundo tiveram a agradável sensacao de observar a Lotus encontrar um adversário a altura.

Depois de quatro voltas, Andretti e Lauda abriram 3 segundos.

Scheckter, com problemas no motor ( abandonaria logo depois ), perdeu a 5a posicao para Reutemann.

Emerson perdeu uma posicao para Hunt e foi bastante pressionado por Regazzoni que pilotava um Shadow DN9. Depois de algumas voltas, no final da reta, Regazzoni emparelhou e forcou a ultrapassagem. Emerson aliviou. Regga estava impossível.

Na volta número nove, Brambilla, sutil como uma locomotiva, tentou uma ultrapassagem impossível sobre Pironi. Mandou o frances para o mato e, solidário, foi junto.

Para delírio do público sueco, Peterson, querendo a primeira vitória em casa, voava na pista, fiel ao seu estilo espetacular.


Na 11a volta assume a terceira posicao ao ultrapassar Patrese.

Duas voltas depois, Peterson tem um pneu furado, vai para os boxes e cai para o 17o lugar.

Watson quebrou e abandonou na volta 18.

Chegamos a metade da corrida.

Andretti em primeiro e Lauda fungando no cangote dele.

Longe, muito longe, vinham Patrese e Jones.

Um magnífico Ronnie Peterson já estava em 5o lugar, passando por cima de todo mundo.

Em 6o lugar, Reutemann comboiava Villeneuve, Laffite, Tambay e Regazzoni.

Hunt, em 11o lugar, estava a frente de Emerson, Depailler, Stuck e Mass.

Alan Jones quebrou na volta 43.

Niki Lauda, finalmente, ultrapassa Andretti com uma brilhante manobra de vácuo. Andretti tentou acompanhar Lauda e, forcando bastante, explodiu o motor do seu Lotus, abandonando a corrida.

Lauda liderava, seguido por Patrese e Peterson.



Tambay, com uma pilotagem redonda, aproveitou as paradas dos outros pilotos para a troca de pneus e se colocava na zona de pontuacao.

Com Lauda disparado na frente, as atencoes de todos estavam concentradas nas tentativas de Peterson roubar o segundo lugar de Patrese.


O italiano fechou a porta em todas as curvas e manteve a posicao. Peterson reclamou muito, dizendo que Patrese estava dirigindo como um piloto de F3, o que eu considero um elogio.

Lauda venceu e fez uma excelente corrida.

Patrese, a revelacao do ano, foi um brilhante segundo lugar.

Peterson, o terceiro, foi o melhor piloto da corrida. O mais combativo.

Tambay foi muito regular e não cometeu erros.


O quinto lugar conquistado por Regazzoni foi muito festejado, provando que consegue andar rápido sem cometer loucuras.

Emerson fez uma corrida de chegada, poupando o carro. Marcou 1 pontinho bastante festejado pela equipe.


CLAUDIO MEDAGLIA

Medaglia@globo.com



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