GRANDE PRÊMIO DA ARGENTINA DE 1980


Buenos Aires, 13 de janeiro de 1980

1a etapa

A temporada de 1980 apresentava algumas novidades.
Niki Lauda confirmou a aposentadoria.
Nelson Piquet assumiu a condição de primeiro piloto da Brabham, o que provocou aplausos do Campeão Mundial Jody Scheckter, que vislumbrava um grande futuro para o brasileiro na Fórmula 1.
A equipe Fittipaldi, no final de 1979, adquiriu a Wolf em transação do tipo porteira fechada ( incluindo tudo o que está dentro da fazenda ), tendo direito aos carros , motores, técnicos e, principalmente, o projetista Harvey Postlethwaite.
O primeiro resultado da incorporação foi a construção do Fittipaldi F7, um projeto de Ricardo Divila e Harvey Postlethwaite.
Para ser o companheiro de Emerson, a equipe contava com o jovem e promissor Keke Rosberg.
Historicamente importante, fazendo a sua estréia na fórmula 1, o Grande Prêmio da Argentina foi testemunha da presença do francês Alain Prost, ao volante de um McLaren.




Os treinos.
Foi utilizado o circuito número 15 do autódromo de Buenos Aires.
Preocupados com as inúmeras reclamações, os argentinos resolveram recapear alguns pontos ondulados.
O resultado foi péssimo, pois na Curva Umbu o asfalto estava soltando pedaços, provocando inúmeros acidentes e rodadas perigosas.
Confirmando as previsões, Alan Jones, com o ótimo Williams FW07, conquistou a pole position. Seu companheiro de equipe, Carlos Reutemann, correndo em casa, foi uma decepção para a torcida local. O argentino ficou com a 10a posição no grid de largada.
Todos os anos, confirmando uma tradição, a equipe Ligier inicia a temporada a todo o vapor. Em 1980 não poderia ser diferente. Jacques Laffite e Didier Pironi classificaram-se em 2o e 3o lugar nos treinos para o Grande Prêmio da Argentina.
Nelson Piquet conquistou uma ótima quarta posição no grid de largada., contrastando com a sofrível 16a posição do seu companheiro Ricardo Zunino.
Colin Chapman inscreveu dois modelos Lotus 81 para seus pilotos, o experiente Mário Andretti e o novato Elio de Angelis.



Para surpresa geral, De Angelis conseguiu a 5a posição no grid, imediatamente a frente de Andretti.
Discreta. Era o melhor adjetivo para qualificar a apresentação da Ferrari nos treinos da prova inaugural de 1980. Gilles Villeneuve fez 0 8o melhor tempo, enquanto o campeão Jody Scheckter conseguia apenas a 11a posição na largada.
A Renault, calcada com pneus Michelin, não conseguiu encontrar o melhor acerto para a pista argentina. Jabouille foi o 9o e Arnoux o 19o colocado.
O McLaren M29B não era um grande carro. John Watson sofreu bastante para classificar o seu carro em 17o lugar no grid. O estreante Alain Prost foi um segundo mais rápido que o irlandês e obteve o 12o posto. Os olhos da fórmula 1 começaram a notar aquele francês pequeno e narigudo.
Emerson sofreu para classificar seu Fittipaldi F7 na última posição do grid, enquanto seu companheiro recém contratado, Keke Rosberg, obtinha a 13a posição. A diferença de desempenho, mais de 3 segundos, evidenciava o talento promissor de Rosberg e o cansaço de Emerson.
Quatro pilotos não conseguiram qualificação ( largaram 24 carros ). Dave Kennedy e Stefan Johanson ( Shadow ), Jam Lemmers ( ATS ) e Eddie Cheever ( Osela ).

A Corrida.
Domingo ensolarado. Muito quente.
Largaram.



Alan Jones foi mais rápido na largada e chegou em primeiro no final da reta.
Laffite, o segundo colocado, foi logo ultrapassado por Piquet. O brasileiro tinha feito uma largada excepcional, pulando de 4o para o 2o lugar antes de completar a primeira volta.
Na segunda passagem, Didier Pironi abandonou a prova, com o motor da Ligier quebrado.
A equipe Renault decepcionava. Jean Pierre Jabouille e Rene Arnoux abandonaram a corrida na segunda volta. Jabouille ficou sem embreagem e Arnoux bateu na curva da Horquilla.
Quinta volta. Jones voava na pista e abria 6 segundos de vantagem para Nelson Piquet.
Em terceiro, Laffite vinha fazendo boa corrida, encostando em Piquet nas curvas e perdendo contato com o brasileiro nas retas.
Sexta volta. John Watson abandonou a corrida com problemas no câmbio da sua McLaren.
Na volta seguinte, Elio de Angelis rodou e bateu a sua Lotus na curva da Horquilla.
Laffite, depois de várias tentativas, consegue, na 9a volta, ultrapassar Nelson Piquet. O piloto da Ligier número 26 assumia a segunda colocação na corrida e partia em perseguição a Alan Jones.
10a volta. Alan Jones liderava, com folgados 12 segundos de vantagem.
Laffite era o segundo. Piquet, o terceiro.
Em quarto lugar vinha o argentino Carlos Reutemann.
Em franca recuperação, as Ferrari de Villeneuve e Scheckter andavam em quinto e sexto, respectivamente.
Keke Rosberg confirmava o bom treino e ocupava a sétima colocação.



Emerson vinha recuperando posições e andava em 12o lugar.
Na volta seguinte, Emerson Fittipaldi entra nos boxes e troca a bateria do F7. Voltou a pista, muito tempo depois, em último lugar.
Os argentinos ficaram frustrados quando viram, após rodar na gincana com problemas de suspensão e motor, CarlosReutemann abandonar a corrida. El Lolle nunca venceu na Argentina.
Muita emoção na volta 17. Alan Jones foi, inesperadamente, para os boxes. A temperatura do motor estava muito alta. Uma rápida olhada e um dos mecânicos retirou um pedaço de plástico, jogado pela torcida, que impedia a passagem de ar para o radiador de água do lado esquerdo. Problema resolvido. Jones retornou em quarto lugar, 10 segundos atrás do líder Jacques Laffite.
Piquet era o segundo.



Villeneuve corria em terceiro lugar, perto do brasileiro.
Alan Jones voltou a andar forte e, na volta 25, ultrapassou Villeneuve, assumindo a terceira colocação.
Duas voltas depois, com muita facilidade, Jones ultrapassou Piquet.
30a volta. Alan Jones reassumiu a liderança da corrida ao ultrapassar Laffite.
Uma volta depois, a Ligier deixaria Laffite a pé. O motor quebrou.
Gilles Villeneuve tentou, durante várias voltas, ultrapassar Nelson Piquet. A Brabham BT49 não se comportava bem nas curvas e Villeneuve estava muito perto. A ultrapassagem era iminente. Poucas voltas depois, ultrapassou Piquet e assumiu a segunda colocação.
Volta 35. Alan Jones liderava com dez segundos de vantagem sobre Villeneuve.
Nelson Piquet estava em terceiro lugar.
Uma volta depois, Gilles Villeneuve erra, bate forte na curva do tobogă e joga fora um precioso segundo lugar.
Volta 44. Os líderes da corrida eram: Jones, Piquet e Scheckter.

Jody Scheckter, discretíssimo, vinha correndo com quinze segundos de atraso para Piquet, quando abandonou a corrida por quebra no motor Ferrari.
Foi um ótimo início de temporada para Alan Jones.
O australiano fez a tradicional tripleta, conquistando a vitória, a pole e a melhor volta da corrida.



Seu carro esteve impecável durante todo o final de semana.
Nelson Piquet, levando em consideração a cristalina superioridade dos Williams, não tinha do que reclamar. O segundo lugar foi conquistado depois de uma corrida perfeita.
Graças as inúmeras quebras e também a um ótimo desempenho, Keke Rosberg conseguiu levar o Fittipaldi F7 a um importante terceiro lugar.
Derek Daly foi bastante regular e levou o Tyrrell 009 ao quarto lugar.
A nova Alfa Romeo 179 apresentou qualidades e foi bem conduzida por Bruno Giacomelli. O piloto e a equipe italiana comemoraram o quinto lugar.
Por fim, foi digno de nota o desempenho do novato Alain Prost. Na sua primeira corrida na F1, Prost sempre andou na frente do seu companheiro de equipe, tanto nos treinos quanto na corrida. E, com o sexto lugar na prova, conquistou seu primeiro ponto.



O Grande Prêmio da Argentina de 1980 terminou assim:
  1. Alan Jones = Williams
  2. Nelson Piquet = Brabham
  3. Keke Rosberg = Fittipaldi
  4. Derek Daly = Tyrrell
  5. Bruno Giacomelli = Alfa Romeo
  6. Alain Prost = McLaren

Martim de Sá, Caraguatatuba, 31 de agosto de 2003





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