Antes
da segunda prova da temporada de 1980, para uma melhor compreensão
dos acontecimentos, considero importante destacar alguns pontos.
Chamava a atencao de
todos o acomodamento do campeao mundial de 1979, o sul africano Jody
Scheckter.
Displicente,
preguicoso e indolente, Scheckter aceitou, passivamente, a
preferência da Ferrari pelo canadense Gilles Villeneuve.
Scheckter,
em diversas entrevistas, declarou achar muito natural a maior
simpatia da Ferrari por Gilles Villeneuve.
Ele se
declarou um profissional que recebe salário para comprir as
ordens da equipe, sem discuti-las.
Um outro
caso, indicando sérios problemas de gerenciamento, ocorria na
equipe Fittipaldi.
Durante os treinos
para o GP do Brasil, a equipe resolveu fazer testes de rapidez na
troca de pneus.
O resultado foi
grotesco.
Na
primeira tentativa, um dos mecânicos arrancou o bico do carro
quando tentava colocar o macaco na frente do F7.
Logo
depois, outra simulação e novo fiasco.
Carro
no ar. Os mecânicos tiraram os quatro pneus.
Antes
de os novos pneus serem colocados, alguém retirou o macaco
traseiro e o F7 esborrachou-se no chão.
Peter Warr,
visivelmente constrangido, encerrou o ensaio.
Os treinos:
A Renault tinha um
carro que se adaptava muito bem as características de
Interlagos.
Jean-Pierre
Jabouille conquistou a pole position pilotando o seu modelo RE20
Turbo. Seu companheiro de equipe, Rene Arnoux, ficou com o 6o
tempo.
Tradicionalmente
forte no circuíto paulistano, a equipe Ligier andou bem nos
treinos.
Didier
Pironi pilotou mais rápido que Jacques Laffite.
Pironi
classificou-se em segundo lugar, enquanto Laffite ficava com o 5o
tempo.
Na
Ferrari, Gilles Villeneuve continuava muito mais rápido que
Jody Scheckter.
O
canadense fez o terceiro melhor tempo dos treinos, contra o 8o
de Scheckter.
Se na
Argentina, Carlos Reutemann não conseguia bons resultados, no
Brasil, mantendo a tradição, El Lote andou forte.
Reutemann
conquistou a quarta posição no grid de largada,
superando por larga margem o discreto 10o lugar de Alan
Jones.
Elio de
Angelis, a revelação da equipe Lotus, classificou-se
em sétimo, vencendo, mais uma vez, o duelo particular com
Mário Andretti, o 11o no grid de largada.
Alguns
contratempos, como o pescador de gasolina do tanque de combustível,
fizeram com que Nelson Piquet realizasse um treino discreto.
Ele
obteve o nono tempo nos treinos classificatórios.
A
outra Brabham BT49, pilotada por Ricardo Zunino, classificou-se em
18o lugar.
Outro
novato, Alain Prost, mostrou as suas qualidades ao classificar a sua
McLaren na 13a posição, cravando três
segundos de diferença para o seu parceiro John Watson, o 23o
tempo nos treinos.
Um certo
constrangimento foi instalado na equipe Fittipaldi.
Keke Rosberg foi
dois segundos mais rápido que Emerson Fittipaldi.
O
finlandês foi o 15o melhor classificado, enquanto
Emerson amargava o 19o tempo.
A corrida.
Domingo.
Calor infernal.
Largaram.
Jean-Pierre
Jabouille largou mal e foi ultrapassado por Gilles Villeneuve.
O
canadense completou a primeira volta na liderança.
Jabouille
recuperou-se e tornou a assumir a liderança na volta
seguinte.
Frustrando
a grande quantidade de torcedores argentinos, Carlos Reutemann
abandonou a corrida ainda na primeira volta, por conta da quebra do
semi-eixo da Williams.
Mario
Andretti, na segunda volta espatifou a sua Lotus 81 na curva 2 e
abandonou a corrida.
Completaram
a primeira volta, imprimindo um fortíssimo ritmo de corrida,
Jabouille na liderança, seguido pelos pilotos da Ligier,
Pironi e Laffite.
Gilles Villeneuve era o
quarto colocado.
Realizando
uma corrida de recuperação, Emerson Fittipaldi e
Nelson Piquet entusiasmavam o público brasileiro presente no
autódromo, ao realizarem várias ultrapassagens.
Na 10a
volta, o campeão mundial Jody Scheckter abandonava a corrida
com problemas no motor.
Uma volta
mais tarde, Emerson Fittipaldi ultrapassou John Watson na curva 3.
Keke
Rosberg, que vinha logo atrás, também ultrapassou
Watson e, retardando a freada passou a frente de Emerson Fittipaldi.
A
ultrapassagem foi classificada, por todos, como limpa e segura,
argumentos que não convenceram um irritado Emerson, que
chegou a tirar satisfações com Keke no final da
corrida.
O terceiro
colocado, Jacques Laffite, abandonou a corrida na volta 14, com
problemas no motor.
Mais dificuldades
para a Equipe Ligier.
Didier
Pironi, andando em segundo lugar, parou nos boxes para trocar os
pneus e retornou em último.
Nelson
Piquet, fazendo a sua corrida de recuperação, andava
em 6o lugar, quando foi reto na Curva do Lago, em
conseqüência da quebra da suspensão.
Emerson Fittipaldi,
enquanto isso, parou duas vezes nos boxes, tentando encontrar
respostas para o fraco desempenho do seu carro.
O destaque da prova era
Didier Pironi.
O
piloto da Ligier número 25 fazia uma corrida fantástica,
recuperando posições volta a volta.
Lá
na frente Jean-Pierre Jabouille liderava tranqüilo.
O piloto da Renault
tinha confortáveis 10 segundos sobre Rene Arnoux.
Mas na
volta 24, o motor turbo do seu Renault começou a falhar,
provocando o abandono de Jabouille.
A
liderança caiu no colo de Rene Arnoux, que pilotava uma
Renault inteira e sem problemas.
O
segundo lugar era ocupado por Elio de Angelis, um jovem italiano de
21 anos que conduzia com muita classe a sua Lotus 81.
Rene
Arnoux marcava a volta mais rápida da corrida.
Alan
Jones fez uma corrida apagada, preocupado apenas em marcar pontos
para o campeonato.
Ele
terminou a corrida em terceiro lugar.
Didier Pironi, um dos
destaques da prova, conseguiu chegar em quarto lugar depois de fazer
várias ultrapassagens durante toda a corrida.
A quinta
posição na corrida foi alvo do maior duelo da prova.
Riccardo
Patrese e Alain Prost eletrizaram o público, por várias
voltas, com a garra e a disposição apresentadas.
Patrese
defendia a posição e Prost atacava.
O
resultado final da luta foi sacramentado por Alain Prost ao
conseguir sensacional ultrapassagem na Junção.
Era
apenas a segunda corrida de Alain Prost.
Rene
Arnoux, o vencedor do GP Brasil, estava tão satisfeito que
foi para o pódio e, sem esperar pelos outros pilotos,
estourou a champanhe e comemorou sozinho.
A
corrida terminou com a seguinte classificação:
Rene Arnoux = Renault
Elio de Angelis = Lotus
Alan Jones = Williams
Didier Pironi = Ligier
Alain Prost = McLaren
Riccardo Patrese =
Arrows
A
classificação do Mundial de Pilotos ficou assim:
Alan Jones = 13 pontos
Rene Arnoux = 9 pontos
Nelson Piquet = 6
pontos
Elio de Angelis = 6
pontos
Keke Rosberg = 4 pontos
Didier Pironi = 3
pontos
Derek Daly = 3 pontos
Alain Prost = 3 pontos
Bruno Giacomelli = 2
pontos
Riccardo Patrese = 1
ponto
Martim
de Sá, Caraguatatuba, 1o de setembro de 2003