GRANDE PREMIO DA AFRICA DO SUL DE 1980


3a prova

Kyalami, 1o de marco de 1980.

Durante os treinos extra-oficiais, Alain Prost acidentou-se feio e machucou o pé.
No outro dia o francês pegou o carro reserva e, por quebra da suspensão, bateu fortíssimo, destruindo o McLaren.
Em conseqüência, Alain Prost quebrou a mão e foi proibido pelos médicos de participar do GP da África do Sul.
No mesmo dia, Marc Surer, piloto da ATS, ficou sem freios e bateu na Curva Club House.
Ele ficou com as pernas presas nas ferragens.
Os comissários de pista levaram mais de meia hora para tirá-lo do carro.
O Sul Africano Jody Scheckter, que tinha feito duras críticas aos circuitos de Buenos Aires e São Paulo, nada falou sobre os problemas de Kyalami.
A pista estava tão ruim quanto às outras.
A única diferença foi o silêncio de Scheckter sobre Kyalami, contrastando com a eloquência verbal exibida na Argentina e no Brasil.

Os treinos.
A altitude de Kyalami e o conseqüente ar rarefeito favoreciam extraordinariamente os motores turbo da Renault.
O resultado não poderia ser outro.
Duas Renault com os dois melhores tempos.
Jean-Pierre Jabouille e Rene Arnoux foram, em média, um segundo mais rápidos que os outros corredores.
Foi empolgante ver o esforço de Nelson Piquet tentando acompanhar as Renault.
Não deu.
Piquet foi o terceiro mais rápido, enquanto seu companheiro, Ricardo Zunino, só conseguia o 17o tempo.
Mais uma demonstração de forca da Ligier.
A equipe promoveu algumas alterações na aerodinâmica do carro, tornando-o ainda mais veloz.
Laffite fez o quarto melhor tempo, enquanto Pironi ocupava a quinta posição no grid.
Carlos Reutemann, por diversas vezes, reclamou do tratamento inferior ao prestado a Alan Jones pela Equipe Williams.
Tanto reclamou que Frank Williams, nos minutos finais do treino classificatório, permitiu a Reutemann treinar no carro de Jones.
O resultado foi constrangedor para a Equipe Williams. Reutemann classificou-se em 6o lugar enquanto Jones ficava com o 8o tempo.
Carlo Chitti, o chefe da Equipe Alfa Romeo, promoveu um emagrecimento de 30 kg e alterou toda a suspensão do modelo 179.
O resultado foi uma ótima 7a posição no grid de largada, obtida por Patrick Depailler e o 12o tempo de Bruno Giacomelli.
Depois do fiasco nas duas primeiras corridas do ano, a Ferrari desembarcou na África do Sul trazendo, na bagagem, um princípio de crise. Seus carros, pilotados por Jody Scheckter e Gilles Villeneuve, foram apenas os 9o e 10o colocados.
A Equipe Tyrrell apresentou o seu novo modelo 010. Seus pilotos, Jen-Pierre Jarier e Derek Daly, classificaram-se em 13o e 16o lugares, respectivamente.
Emerson Fittipaldi fez o 18o melhor tempo classificatório, enquanto seu companheiro, Keke Rosberg, ficava com o penúltimo lugar no grid.
Apesar disso, Emerson estava mais satisfeito com o carro. O F7 tinha perdido 25 kg e realizado ótimos testes em Silverstone. Com Rosberg ao volante.

A corrida.
Domingo. Dia seco e ameno.
Largaram.
Conforme o previsto, os dois carros amarelos dispararam na frente.
Sem surpresas, a primeira volta foi completada com a liderança de Jabouille.
Em seguida, muito perto, vinha Arnoux.
Um breve intervalo de tempo e apareciam Alan Jones, Jacques Laffite, Carlos Reutemann, Nelson Piquet (fazendo péssima largada), Jody Scheckter e Gilles Villeneuve.
Quinta volta. Jabouille e Arnoux abriram 4 segundos de Alan Jones.
Um segundo depois, vinham Laffite e Reutemann.
Jody Scheckter, surpreendentemente, ultrapassou Piquet e assumiu o 6o posto.
7a volta. Jacques Laffite ultrapassou Alan Jones e conquistou a terceira posição.
Fiel ao seu estilo vaca-brava, Gilles Villeneuve foi para cima de Piquet, tentou uma ultrapassagem impossível, rodou e perdeu várias posições.
Villeneuve voltou feito um alucinado e começou a recuperar posições. Com extraordinária habilidade foi ultrapassando um a um. Ele chegou a recuperar a 6a posição, lugar que ocupava antes de rodar.
A posição dos pilotos era a seguinte:

1) Jabouille 2) Arnoux 3) Laffite

4) Jones 5) Reutemann 6) Scheckter

7) Piquet 8) Villeneuve 9) Mass 10) Pironi

Depois de 14 voltas, Jody Scheckter abandonou com problemas no motor da sua Ferrari.
Comprovando o declínio do time de Maranello, Gilles Villeneuve, que vinha fazendo uma ótima corrida, também abandonou, com problemas no câmbio.
Ao mesmo tempo, Didier Pironi vinha andando muito rápido com a sua Ligier e ultrapassava Jochen Mass.
Depois de tantas ocorrências, a corrida apresentava a seguinte classificação:
1) Jabouille 2) Arnoux 3) Laffite
4) Jones 5) Reutemann 6) Piquet
7) Pironi 8) Mass
Jabouille e Arnoux reinavam absolutos.
Destacava-se também a progressiva aproximação de Pironi em Piquet.
De repente, na volta 34, Alan Jones ficou sem marchas, com o cambio totalmente travado e abandonou.
A corrida encaminhava-se para a parte final, quando o líder, Jean-Pierre Jabouille teve um pneu furado.
O azar dele foi que o pneu furou imediatamente depois da entrada dos boxes.
Uma volta completa, naquelas condições, seria impossível.
Rene Arnoux era o novo líder.
Com tantas alterações, é importante mostrar a classificação até aquela etapa da corrida:
1) Arnoux 2) Laffite 3) Reutemann
4) Piquet 5) Pironi 6) Mass
7) Jarier 8) Fittipaldi
Faltava pouco para a bandeirada quando Carlos Reutemann entrou nos boxes.
Ele trocou os pneus e voltou em quinto lugar, atrás de Didier Pironi.
Emerson Fittipaldi estava fazendo uma corrida apreciável.
Foi interessante reparar o comportamento de Emerson ao tomar uma volta de Laffite. O brasileiro grudou no francês e percorreu as últimas voltas andando no mesmo ritmo, demonstrando algumas qualidades do F7.
Didier Pironi encostou em Piquet.
Tentou ultrapassá-lo no final da reta, pela esquerda.
Não deu.
Pela direita.
Também não deu.
Pironi tentou, em todas as curvas, durante 10 antológicas voltas.
Foi um grande e inesquecível duelo.
Quatro voltas antes do final, Pironi ultrapassou Piquet, abrindo oito segundos de
Diferença, comprovando o melhor desempenho do Ligier.
Foi notada a boa performance do novo Tyrrell 010, pilotado com correção por Jean-Pierre Jarier.
O Grande Prêmio da África do Sul apresentou um pódio totalmente francês, comemorando, como não poderia deixar de ser, com Champanhe Moet.
Registrava-se a segunda vitória de Rene Arnoux, na temporada e na fórmula 1.
A classificação final foi a seguinte:
  1. Arnoux ( Renault )

  2. Laffite ( Ligier )

  3. Pironi ( Ligier )

  4. Piquet ( Brabham )

  5. Reutemann ( Williams )

  6. Mass ( Arrows )

  7. Jarier ( Tyrrell

  8. Emerson ( Fittipaldi )

A situação do campeonato era a seguinte:
  1. Arnoux = 18 pontos
  2. Jones = 13 pontos
  3. Piquet = 9 pontos
  4. Pironi = 7 pontos
  5. Laffite = 6 pontos
  6. De Angelis = 6 pontos
  7. Rosberg = 4 pontos
  8. Daly = 3 pontos
  9. Prost = 3 pontos
  10. Giacomelli = 2 pontos
  11. Reutemann = 2 pontos
  12. Patrese = 1 ponto
  13. Mass = 1 ponto

Martim de Sá, Caraguatatuba, 3 de setembro de 2003
Claudio Medaglia





Free Web Hosting