GRANDE PRÊMIO DE MÔNACO DE 1980


6a Etapa

Monte Carlo, 18 de maio de 1980

Pouco antes do GP Mônaco, Nelson Piquet falou sobre o campeonato.
Na opinião do brasileiro, o favorito ao título era Rene Arnoux., que pilotava o Renaul Turbo, o carro mais competitivo da categoria.
Faltando 2 corridas para terminar a primeira fase do campeonato, Piquet acreditava poder liderar a classificação.
Em Mônaco, pista que ele detesta, o seu Brabham tem condições de andar bem.
O mesmo raciocínio era válido para Jarama.
Para a segunda metade do campeonato, Piquet previa grandes dificuldades.
Os Renault eram favoritos para vencer o GP da Franca.
Depois seria a Inglaterra, em Brands Hatch, um circuito fascinante para Piquet.
A seguir, mais duas provas favoráveis a Renault, Alemanha e Áustria.
Já na Holanda, Piquet admite alguma chance para vencer.
A Renault voltaria a ser favorita na Itália.
Finalizando, Piquet previa boas possibilidades de vitória no Canadá e Estados Unidos.
Piquet aproveitou para disparar contra a Ferrari.
Ele achava que a Ferrari não tinha a menor possibilidade de vitórias em 1980, tendo inclusive vencido o campeonato de 1979 apenas por ter o melhor pneu. Em 1980 a Goodyear melhorou a qualidade de seus pneus, fazendo com que a Ferrari perdesse o seu único diferencial.

Os treinos.
Vinte e sete pilotos se inscreveram para disputar as 20 vagas regulamentares para a corrida.
Didier Pironi, mais uma vez esbanjando talento, colocou a sua Ligier na posição de honra.
Jacques Laffite, seu companheiro, ficou com a quinta colocação.
A Equipe Williams voltou a demonstrar forca.
Carlos Reutemann conseguiu o 2o lugar no grid, enquanto Alan Jones ficava com a terceira posição.
Nelson Piquet, com muito esforço, classificou o seu carro em quarto lugar, enquanto seu companheiro de Brabham, Ricardo Zunino, não conseguiu qualificar-se para a corrida.
Os nervos estavam à flor da pele na Equipe Fittipaldi.

Uma das características negativas do Fittipaldi F7 era a performance em curvas de baixa velocidade.
Tentando corrigir o problema, a equipe instalou um espacador entre o câmbio e o motor, alongando o carro e transferindo peso para a parte da frente.
Emerson precisou andar no limite do carro para conquistar a 18 colocação no grid.
Keke Rosberg, apesar de todas as tentativas, não conseguiu qualificação.
A grande surpresa foi a formação das duas últimas filas do grid de largada.
A penúltima fila era composta por dois campeões mundiais, Emerson e Scheckter.
Mais improvável ainda, foi observar Mário Andretti e Rene Arnoux instalados na última fila.
Não conseguiram qualificação:


A corrida.
Templo nublado, com possibilidade de chuva.
Uma multidão de fotógrafos se acotovelavam na curva Saint Devote.
Todos tinham o sentimento do acidente.
Era a crônica de um acidente anunciado.
A Fórmula 1 estava muito rápida e, cada cada vez mais, Mônaco mostrava-se inapropriado.
Largaram.
Didier Pironi, com perfeição, pulou na frente.
Alan Jones largou melhor que Reutemann e assumiu o segundo lugar.
Jacques Laffite vinha em quarto lugar.
Patrick Depailler fez excelente largada e colocou o seu Alfa Romeo na frente de Piquet.
Os carros chegaram a Saint Devote.
Os fotógrafos estavam esperando um acidente.
E o acidente aconteceu.
Assim que os seis líderes passaram ( Pironi, Jones, Reutemann, Laffite, Depailler, Piquet ), começou a confusão.
Para a alegria dos fotógrafos, Derek Daly, tentando ganhar posições, freou muito tarde e atropelou a traseira da Alfa Romeo de Bruno Giacomelli.
Com a pancada, a Tyrrell de Derek Daly saiu voando.
Passou por cima da Alfa e caiu sobre a traseira da Tyrrell de Jarier e sobre a dianteira da McLaren de Alain Prost.
Os pilotos que vinham a seguir, freavam e escapavam por brechas inacreditáveis.
Riccardo Patrese parou o carro, deu marcha-a-ré e bateu no ATS de Jan Lemmers.
Bandeira amarela em toda a pista.
Fila indiana.
Os guindastes, enquanto isso, tiravam os carros acidentados da pista.
Algumas voltas depois, com a pista limpa e totalmente desobstruída, a bandeira verde foi erguida e a corrida voltou a normalidade.
Pironi, na frente, imprimiu um ritmo fortíssimo.
Logo atras, muito perto um do outro, vinham Jones, Reutemann e Laffite.
Ligier e Williams dominavam a corrida.
A seguir, vinham Patrick Depailler e Nelson Piquet.
Jody Scheckter, que tinha largado em 17o e, em conseqüência do acidente, conquistado 10 posições, vinha liderando um pelotão que tinha Jabouille, Villeneuve, Mass, De Angelis, Andretti, Emerson, Patrese e Arnoux.
A corrida foi assim, sem modificações, até a 25a volta.
Alan Jones abandonou a corrida com o diferencial quebrado.
Uma volta depois, Jean-Pierre Jabouille também abandonava, com problemas no câmbio.
Logo depois, foi a vez de Scheckter deixar a corrida com os pneus deteriorados.
Na metade da corrida, com os carros mais espalhados no pista, a classificação era a seguinte:
1 ) Pironi 2) Reutemann 3) Laffite
4) Depailler 5) Piquet 6) Villeneuve
7) Mass 8) De Angelis 9) Andretti
10) Emerson 11) Patrese 12) Arnoux
Um pecado aconteceu na volta 51.
Patrick Depailler, que vinha fazendo notável corrida com a sua Alfa Romeo, saiu da corrida com problemas no motor.
Nelson Piquet, agora em quarto lugar, administrava a corrida.
Ele não tinha carro para chegar perto dos líderes e mantinha uma boa distância para o pelotão intermediário.
Dirigindo com uma mão no volante e outra no câmbio, cada vez mais duro, o líder Didier Pironi perdia terreno.
Pironi fazia o possível para se manter na liderança.
Para piorar a situação, começava a chover.
A vida de Pironi estava tão complicada que ele errou, bateu no guard-rail e abandonou.
Carlos Reutemann era o novo líder.
O argentino, em função da chuva, andando com cautela, percorreu as voltas finais com a viseira aberta.
Jacques Laffite, em segundo, tinha muitos problemas de dirigibilidade, arrastando-se na pista.
Nelson Piquet, parecendo um veterano, corria com muita cautela, evitando surpresas.
O grande momento da corrida foi quando Gilles Villeneuve resolveu dar espetáculo.
O canadense tinha trocado os pneus e, ao sair dos boxes, entrou na pista imediatamente atrás de Rene Arnoux.
Os dois pilotos resolveram reeditar Dijon 79.
Villeneuve partiu para cima de Arnoux.
As portas foram fechadas.
As rodas travaram.
Os pneus encostaram.
Até que Villeneuve fez uma mágica.
Gilles Villeneuve passou por cima de uma zebra e ultrapassou Arnoux em um lugar impossível.
Arnoux chegou a se assustar.
Emerson Fittipaldi, com todo o cuidado, chegou ao final da corrida em um ótimo sexto lugar.
Carlos Reutemann foi o quinto piloto diferente a vencer uma corrida na temporada de 1980, em seis etapas disputadas.
A corrida terminou assim:
  1. Reutemann ( Williams )

  2. Laffite ( Ligier )

  3. Piquet ( Brabham )

  4. Mass ( Arrows )

  5. Villeneuve ( Ferrari )
  6. Emerson ( Fittipaldi )

A classificação do campeonato ficou assim:
  1. Piquet = 22 pontos
  2. Arnoux = 21 pontos
  3. Jones = 19 pontos
  4. Pironi = 17 pontos
  5. Reutemann = 15 pontos
  6. Laffite = 12 pontos
  7. Patrese = 7 pontos
  8. De Angelis = 6 pontos
  9. Emerson = 5 pontos
  10. Rosberg = 4 pontos
  11. Mass = 4 pontos
  12. Daly = 3 pontos
  13. Prost = 3 pontos
  14. Watson = 3 pontos
  15. Villeneuve = 3 pontos
  16. Giacomelli = 2 pontos
  17. Scheckter = 2 pontos
  18. Jarier = 2 pontos

Campinas, 14 de setembro de 2003
Claudio Medaglia






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