Pouco antes do GP
Mônaco, Nelson Piquet falou sobre o campeonato.
Na opinião do
brasileiro, o favorito ao título era Rene Arnoux., que
pilotava o Renaul Turbo, o carro mais competitivo da categoria.
Faltando 2 corridas
para terminar a primeira fase do campeonato, Piquet acreditava poder
liderar a classificação.
Em Mônaco, pista
que ele detesta, o seu Brabham tem condições de andar
bem.
O mesmo raciocínio
era válido para Jarama.
Para a segunda metade
do campeonato, Piquet previa grandes dificuldades.
Os Renault eram
favoritos para vencer o GP da Franca.
Depois seria a
Inglaterra, em Brands Hatch, um circuito fascinante para Piquet.
A seguir, mais duas
provas favoráveis a Renault, Alemanha e Áustria.
Já na Holanda,
Piquet admite alguma chance para vencer.
A Renault voltaria a
ser favorita na Itália.
Finalizando, Piquet
previa boas possibilidades de vitória no Canadá e
Estados Unidos.
Piquet aproveitou para
disparar contra a Ferrari.
Ele achava que a
Ferrari não tinha a menor possibilidade de vitórias em
1980, tendo inclusive vencido o campeonato de 1979 apenas por ter o
melhor pneu. Em 1980 a Goodyear melhorou a qualidade de seus pneus,
fazendo com que a Ferrari perdesse o seu único diferencial.
Os treinos.
Vinte e sete pilotos se
inscreveram para disputar as 20 vagas regulamentares para a corrida.
Didier Pironi, mais uma
vez esbanjando talento, colocou a sua Ligier na posição
de honra.
Jacques Laffite, seu
companheiro, ficou com a quinta colocação.
A Equipe Williams
voltou a demonstrar forca.
Carlos
Reutemann conseguiu o 2o lugar no grid, enquanto Alan
Jones ficava com a terceira posição.
Nelson Piquet, com
muito esforço, classificou o seu carro em quarto lugar,
enquanto seu companheiro de Brabham, Ricardo Zunino, não
conseguiu qualificar-se para a corrida.
Os nervos estavam à
flor da pele na Equipe Fittipaldi.
Uma das
características negativas do Fittipaldi F7 era a performance
em curvas de baixa velocidade.
Tentando corrigir o
problema, a equipe instalou um espacador entre o câmbio e o
motor, alongando o carro e transferindo peso para a parte da frente.
Emerson precisou andar
no limite do carro para conquistar a 18 colocação no
grid.
Keke Rosberg, apesar de
todas as tentativas, não conseguiu qualificação.
A grande surpresa foi a
formação das duas últimas filas do grid de
largada.
A penúltima
fila era composta por dois campeões mundiais, Emerson e
Scheckter.
Mais improvável
ainda, foi observar Mário Andretti e Rene Arnoux instalados
na última fila.
Não conseguiram
qualificação:
John Watson ( McLaren )
Eddie Cheever ( Osella
)
Stefan Johanson (
Shadow )
Keke Rosberg (
Fittipaldi )
Ricardo Zunino (
Brabham )
Tiff Needell ( Ensign )
David kennedy ( Shadouw
)
A corrida.
Templo nublado, com
possibilidade de chuva.
Uma multidão de
fotógrafos se acotovelavam na curva Saint Devote.
Todos tinham o
sentimento do acidente.
Era a crônica de
um acidente anunciado.
A Fórmula 1
estava muito rápida e, cada cada vez mais, Mônaco
mostrava-se inapropriado.
Largaram.
Didier Pironi, com
perfeição, pulou na frente.
Alan Jones largou
melhor que Reutemann e assumiu o segundo lugar.
Jacques Laffite vinha
em quarto lugar.
Patrick Depailler fez
excelente largada e colocou o seu Alfa Romeo na frente de Piquet.
Os carros chegaram a
Saint Devote.
Os fotógrafos
estavam esperando um acidente.
E o acidente aconteceu.
Assim que os seis
líderes passaram ( Pironi, Jones, Reutemann, Laffite,
Depailler, Piquet ), começou a confusão.
Para a alegria dos
fotógrafos, Derek Daly, tentando ganhar posições,
freou muito tarde e atropelou a traseira da Alfa Romeo de Bruno
Giacomelli.
Com a pancada, a
Tyrrell de Derek Daly saiu voando.
Passou por cima da Alfa
e caiu sobre a traseira da Tyrrell de Jarier e sobre a dianteira da
McLaren de Alain Prost.
Os pilotos que vinham a
seguir, freavam e escapavam por brechas inacreditáveis.
Riccardo Patrese parou
o carro, deu marcha-a-ré e bateu no ATS de Jan Lemmers.
Bandeira amarela em
toda a pista.
Fila indiana.
Os guindastes, enquanto
isso, tiravam os carros acidentados da pista.
Algumas voltas depois,
com a pista limpa e totalmente desobstruída, a bandeira verde
foi erguida e a corrida voltou a normalidade.
Pironi, na frente,
imprimiu um ritmo fortíssimo.
Logo atras, muito perto
um do outro, vinham Jones, Reutemann e Laffite.
Ligier e Williams
dominavam a corrida.
A seguir, vinham
Patrick Depailler e Nelson Piquet.
Jody
Scheckter, que tinha largado em 17o e, em conseqüência
do acidente, conquistado 10 posições, vinha liderando
um pelotão que tinha Jabouille, Villeneuve, Mass, De Angelis,
Andretti, Emerson, Patrese e Arnoux.
A corrida
foi assim, sem modificações, até a 25a
volta.
Alan Jones abandonou a
corrida com o diferencial quebrado.
Uma volta depois,
Jean-Pierre Jabouille também abandonava, com problemas no
câmbio.
Logo depois, foi a vez
de Scheckter deixar a corrida com os pneus deteriorados.
Na metade da corrida,
com os carros mais espalhados no pista, a classificação
era a seguinte:
1 ) Pironi
2) Reutemann 3) Laffite
4) Depailler
5) Piquet 6)
Villeneuve
7) Mass
8) De Angelis 9) Andretti
10) Emerson
11) Patrese 12) Arnoux
Um pecado aconteceu na
volta 51.
Patrick Depailler, que
vinha fazendo notável corrida com a sua Alfa Romeo, saiu da
corrida com problemas no motor.
Nelson Piquet, agora em
quarto lugar, administrava a corrida.
Ele não tinha
carro para chegar perto dos líderes e mantinha uma boa
distância para o pelotão intermediário.
Dirigindo com uma mão
no volante e outra no câmbio, cada vez mais duro, o líder
Didier Pironi perdia terreno.
Pironi fazia o possível
para se manter na liderança.
Para piorar a situação,
começava a chover.
A vida de Pironi estava
tão complicada que ele errou, bateu no guard-rail e
abandonou.
Carlos Reutemann era o
novo líder.
O argentino, em função
da chuva, andando com cautela, percorreu as voltas finais com a
viseira aberta.
Jacques Laffite, em
segundo, tinha muitos problemas de dirigibilidade, arrastando-se na
pista.
Nelson Piquet,
parecendo um veterano, corria com muita cautela, evitando surpresas.
O grande momento da
corrida foi quando Gilles Villeneuve resolveu dar espetáculo.
O canadense tinha
trocado os pneus e, ao sair dos boxes, entrou na pista imediatamente
atrás de Rene Arnoux.
Os dois pilotos
resolveram reeditar Dijon 79.
Villeneuve partiu para
cima de Arnoux.
As portas foram
fechadas.
As rodas travaram.
Os pneus encostaram.
Até que
Villeneuve fez uma mágica.
Gilles Villeneuve
passou por cima de uma zebra e ultrapassou Arnoux em um lugar
impossível.
Arnoux chegou a se
assustar.
Emerson Fittipaldi, com
todo o cuidado, chegou ao final da corrida em um ótimo sexto
lugar.
Carlos Reutemann foi o
quinto piloto diferente a vencer uma corrida na temporada de 1980,
em seis etapas disputadas.