Duas entidades do
automobilismo, a FISA e a FOCA, comandadas por Ballestre e
Ecclestone, sucumbiram à guerra das vaidades. A luta pelo
poder estava trazendo enormes problemas para o automobilismo.
Ballestre criou uma
reunião para os pilotos, com presença obrigatória,
às vésperas de cada Grande Prêmio, quando seriam
discutidos problemas de segurança e condições
gerais dos circuitos.
Ecclestone disse que
era tudo frescura e desdenhou a determinação de
Ballestre.
Os pilotos acreditaram
nele e não foram às reuniões.
Desmoralizado,
Ballestre multou cada piloto em US$ 2.000
Os pilotos ainda foram
notificados sobre a suspensão das suas licenças
enquanto as multas não fossem pagas.
Ecclestone aconselhou
os pilotos a não pagar a multa.
Ninguém pagou.
A retaliação
foi duríssima.
Todos os pilotos
estavam suspensos, não podendo participar do próximo
GP.
A etapa espanhola seria
anulada por falta de competidores habilitados.
O troco de Ecclestone
foi organizar um Grande Prêmio da Espanha Pirata.
Quase todas as equipes
ficaram ao lado de Ecclestone.
Quase.
Ferrari, Renault e Alfa
Romeo arrumaram as malas e deixaram a Espanha.
Os treinos.
Jacques Laffite
conquistou a pole.
Seu companheiro, Didier
Pironi, ficou com a terceira posição no grid de
largada.
Os pilotos da Williams,
Alan Jones e Carlos Reutemann classificaram-se em segundo e quarto,
respectivamente.
Nelson Piquet, ainda
achando que o carro poderia melhorar, conquistou o quinto lugar no
grid.
Surpreendentemente,
Alain Prost levou a sua McLaren à Sexta colocação.
Não menos
surpreendente, foi o sétimo tempo obtido pelo segundo piloto
da Brabham, Ricardo Zunino.
A Equipe
Fittipaldi, depois de alguns problemas, classificou Keke Rosberg em
18o e Emerson em 19o
Emerson, com falhas no
motor do carro titular, treinou com o reserva.
A corrida.
Domingo de muito calor.
Pela primeira vez,
vinte e dois carros alinharam com o mesmo motor e o mesmo pneu.
Ford Cosworth e
Goodyear equipavam todos os carros.
Largaram.
Carlos Reutemann fez
uma largada perfeita e pulou na frente.
Alan Jones assumiu o
segundo lugar.
As Ligier de Pironi e
Laffite ficaram em terceiro e quarto.
Nelson Piquet estava em
quinto.
As primeiras voltas da
corrida não apresentaram modificações.
Emerson andava no
último pelotão.
Alain Prost abandonou a
corrida, na quinta volta, com quebra do motor da McLaren.
Na oitava volta foi a
vez de Keke Rosberg sair da prova, depois de rodar na curva Portago.
Lá na frente, as
Ligier trocaram de posição.
Laffite passou Pironi.
Nelson Piquet fazia
bela corrida.
Ele encostou em Pironi.
Encostou e passou.
Piquet
conquistou a 4a posição e partiu para cima
de Laffite.
De repente, Alan Jones
perde rendimento e é ultrapassado por vários pilotos.
Ele deve ter errado
algumas marchas, pois logo em seguida, a sua Williams voltou a andar
normalmente.
Com isso, Nelson Piquet
ficou em terceiro lugar, muito próximo dos líderes,
Reutemann e Laffite.
Aqui apareceu uma das
primeiras manifestações, na fórmula 1, do
talento de Nelson Piquet.
Os carros de Reutemann
e Laffite eram melhores que o Brabham.
Cada vez que Laffite, o
segundo colocado na corrida, por qualquer razão, perdia
contato com Reutemann, Piquet encostava nele.
Laffite, pressionado,
exigia tudo da lua Ligier e encostava em Reutemann.
Piquet, sensato,
deixava os dois duelarem.
Laffite tentava
ultrapassar.
Reutemann fechava a
porta.
Piquet, em prudente
distância, assistia.
Normalmente, ao
ultrapassar retardatários, Reutemann era mais ágil que
Laffite.
Quando isso acontecia,
Piquet encostava em Laffite.
O francês voltava
a andar no limite e grudava em Reutemann.
Tentava passar o
argentino.
Piquet aguardava.
Durante 22
inesquecíveis voltas, Nelson Piquet induzia Reutemann e
Laffite, principalmente, ao erro.
Tal qual um filme de
suspense, os espectadores começaram a tremer quando Emílio
de Villota apareceu no meio da reta.
De Villota, sem dúvida,
foi um dos piores pilotos que já passaram pela fórmula
1.
Os líderes
chegando e Villota, lentamente, no meio da reta.
Cabelos em pé.
Respiração
suspensa.
Carlos Reutemann,
decidido, ultrapassou Villota pela direita.
Laffite, quase ao mesmo
tempo, tenta pela esquerda.
E o coitado do Villota,
literalmente perdido, no meio da encrenca.
A pista ficou estreita.
Laffite raspa a Ligier
no guard-rail e bate no carro de Villota.
Com a suspensão
dianteira quebrada, a Ligier passa reto na curva e atropela a
Williams de Carlos Reutemann.
Os três carros,
em alta velocidade, vão para fora da pista levantando muita
poeira.
Reutemann teve um corte
no joelho.
O público, de
pé, aplaudia Nelson Piquet, o vencedor daquela batalha.
A liderança,
agora, era do brasileiro, com boa vantagem sobre Didier Pironi.
O desempenho de Piquet
era consistente.
Ele era quase um
segundo mais rápido, por volta, do que Pironi.
Durante oito voltas
Piquet reinou absoluto.
Até que a caixa
de câmbio da Brabham quebrou, deixando Piquet fora da corrida.
Ao sair do carro e
caminhar para os boxes, Piquet foi vivamente aplaudido pelos
espanhóis.
Didier Pironi era o
novo líder.
Alan Jones estava em
segundo lugar.
A diferença
entre os dois era de 23 segundos.
A corrida
encaminhava-se para o final.
Só um acidente
tiraria a vitória de Pironi.
E aconteceu o acidente.
Uma roda dianteira da
Ligier soltou-se e o carro bateu no guard-rail.
Alan Jones herdou a
primeira posição.
Com tantas quebras e
acidentes, restavam apenas seis carros na pista.
O Fittipaldi F7 de
Emerson era o quinto.
Chamava a atenção
o segundo lugar ocupado pela Arrows de Jochen Mass.
Nenhuma alteração
aconteceu nas voltas finais e os pilotos receberam a bandeirada
final na seguinte ordem:
Alan Jones ( Williams )
Jochen Mass ( Arrows )
Elio de Angelis ( Lotus
)
Jean-Pierre Jarier (
Tyrrell )
Emerson Fittipaldi (
Fittipaldi )
Patrick Gaillard (
Ensign )
No outro dia, a FIA
ratificou a suspensão dos pilotos e a conseqüente
nulidade da prova.
A classificação
do mundial de pilotos continuava a mesma da etapa anterior,
ignorando a corrida espanhola.