GRANDE PRÊMIO DA FRANCA DE 1980


8a Etapa

Paul Ricard, 29 de junho de 1980

A guerra da Franca.
Ou melhor, a guerra entre os franceses.
Rádios, jornais, televisão, empresas, patrocinadores e o público francês aguardavam a corrida de Paul Ricard com vivo interesse.
Ligier e Renault, de olho neste mercado, prepararam-se desde maio para o Grande Prêmio da Franca.
Os pilotos franceses, quase uma multidão, também aguardavam, ansiosos, a corrida no solo pátrio.
Paul Ricard era a pista de testes da Ligier.
Também foi lá que a Renault criou e aprimorou o motor turbo.
A Renault preparou uma equipe de 42 pessoas para trabalhar nos boxes durante o grande prêmio francês.
A Ligier não ficou atrás.
O aparato humano e tecnológico disponível nos boxes era impressionante.
Ligier, Renault e sete pilotos franceses estavam com os arsenais preparados para enfrentar a Guerra da Franca.

Os treinos.
Obedecendo ao rodízio de circuitos, depois de Dijon, o Grande Prêmio da Franca retornava a Paul Ricard.
De volta a reta Mistral, admirada por seus 1.500 metros de cumprimento.
A esquadra Ligier treinou com todo estilo.
Jacques Laffite e Didier Pironi saíram dos boxes juntos e andaram 14 voltas grudados.
Foi uma grande luta, que terminou com a vitória de Jacques Laffite, o pole position.
O segundo melhor tempo foi obtido pela Renault de Rene Arnoux.
A outra Ligier, pilotada pôr Pironi, ficou com a terceira posição no grid de largada.
A farra francesa teve um intervalo, ocupado pelas Williams de Alan Jones e Carlos Reutemann, detentores da quarta e da quinta posições no grid.
O sexto lugar foi obtido pela Renault de Jean Pierre Jabouille.
Para alegria dos franceses, Alain Prost, com McLaren, conquistou o sétimo lugar.
O desempenho do novato piloto francês começava a chamar a atenção das grandes equipes.
Nelson Piquet fez um treino discreto e só obteve o oitavo posto no grid.
Seu companheiro, o argentino Ricardo Zunino foi decepcionante, ficando na 22a posição.
A grande surpresa dos treinos foi protagonizada pela equipe Alfa Romeo.
Seus pilotos, Bruno Giacomelli e Patrick Depailler, conseguiram o 9o e o 10o tempos.
Por outro lado, a grande decepção ficou, mais uma vez, com a Ferrari.
Foi triste ver Gilles Villeneuve brigar com o carro e só conseguir a 17a posição no grid.
Jody Scheckter foi ainda pior, classificando-se em 19o lugar.
Por último, a equipe Fittipaldi sofria com o F 7 e ocupava as duas últimas colocações na largada.
Keke Rosberg foi o penúltimo.
Emerson, o último.
Os treinos para o Grande Prêmio da Franca de 1980 apresentaram a inacreditável presença de 5 pilotos franceses entre os 7 melhores tempos.

A corrida.
Domingo de calor.
A Renault, considerando a temperatura e os 4 motores quebrados nos treinos, baixou a potência dos seus turbos.
Largaram.
Foi impressionante o pulo das duas Ligier, principalmente a de Laffite.
Eles dispararam na frente.
Rene Arnoux era o terceiro.
A outra Renault, pilotada por Jean Pierre Jarier, não saiu do lugar, pois o câmbio tinha quebrado.
Foi a primeira decepção dos franceses.
Completada a primeira volta da corrida, a situação era a seguinte:
Laffite, Pironi, Arnoux, Jones, Reutemann, Piquet e Prost.
Na segunda volta, Rene Arnoux, aproveitando a reta Mistral, ultrapassou a Ligier de Didier Pironi, assumindo a segunda colocação.
Uma volta depois, Nelson Piquet passou para a quinta posição, ao suplantar Carlos Reutemann.
Lá na frente, Jacques Laffite corria sozinho.
A Williams de Alan Jones estava afinada, permitindo uma tranqüila ultrapassagem sobre Didier Pironi.
Jones já era o terceiro colocado.
Alain Prost, a revelação francesa, fazia uma bela corrida.
Ele conseguiu ultrapassar Carlos Reutemann, assumindo o sexto posto.
Na 6a volta da corrida os franceses tiveram a sua segunda decepção.
Alain Prost abandonou a corrida com problemas no diferencial da sua McLaren.
Didier Pironi, bastante rápido, atacou e passou Alan Jones e Rene Arnoux na mesma volta.
Pironi era o segundo colocado.
A terceira decepção dos franceses aconteceu quando Alan Jones ultrapassou Pironi.
E, para a tremedeira geral, Jones começou a diminuir a distância para o líder Laffite.
Lá na rabeira, a situação era crítica para a Equipe Fittipaldi.
Keke Rosberg, andando mais que o carro permitia, rodou, saiu da pista e abandonou a corrida.
Emerson Fittipaldi era o último piloto na pista.
Nelson Piquet, mesmo com problemas de aderência nas curvas, conseguiu ultrapassar a Renault de Rene Arnoux.
Jacques Laffite continuava líder.
Alan Jones chegava cada vez mais perto.
Grudado nele, vinha Didier Pironi.
Um pequeno intervalo e aparecia Nelson Piquet, o quarto colocado, mantendo uma distância segura de Rene Arnoux e Carlos Reutemann, que andavam juntos.
A grande decepção francesa aconteceu na 34a volta.
Alan Jones, grudado em Laffite, passou a Ligier por fora, antes da entrada da gincana.
Jones liderava o Grande Prêmio da Franca.
E sumiu na frente.
Nelson Piquet, pensando no campeonato, poupava o carro, tendo apenas o cuidado de manter Arnoux e Reutemann a uma distância segura.
Arnoux e Reutemann faziam o duelo da corrida.
Durante mais de 30 voltas Reutemann tentava ultrapassar Rene Arnoux, que, explorando a potência do turbo na reta Mistral, impedia todas as investidas.
Alan Jones, cada vez mais distante do segundo colocado, Jacques Laffite, liderava com facilidade.
Didier Pironi, em terceiro, partiu para cima de Laffite.
Pironi passou Laffite na curva Signes.
Foi uma manobra perigosíssima.
Laffite não aliviou.
Pironi insistiu.
As rodas se tocaram.
Os dois carros quase saíram da pista.
Pironi deu um chega-pra-lá em Laffite e assumiu o segundo lugar.
O Grande Prêmio da Franca chegou ao fim.
Foi mais uma vitória de Alan Jones, o novo líder do campeonato.
A Equipe Brabham festejou o bom resultado de Nelson Piquet.
Sua corrida, bastante regular e segura, permitiu alcançar o segundo lugar no mundial de pilotos.
Emerson Fittipaldi, cada vez mais frustrado, decretava a melancólica aposentadoria do F7.
Os primeiros colocados no Grande Prêmio da Franca foram:
  1. Jones ( Williams )

  2. Pironi ( Ligier )

  3. Laffite ( Ligier )

  4. Piquet ( Brabham )

  5. Arnoux ( Renault )

  6. Reutemann ( Williams )


O campeonato mundial de pilotos ficou assim:
  1. Jones = 28 pontos
  2. Piquet = 25 pontos
  3. Arnoux = 23 pontos
  4. Pironi = 23 pontos
  5. Reutemann = 16 pontos
  6. Laffite = 16 pontos
  7. Patrese = 7 pontos
  8. De Angelis = 6 pontos
  9. Emerson = 5 pontos
  10. Rosberg = 4 pontos
  11. Mass = 4 pontos
  12. Daly = 3 pontos
  13. Prost = 3 pontos
  14. Watson = 3 pontos
  15. Villeneuve = 3 pontos
  16. Giacomelli = 2 pontos
  17. Scheckter = 2 pontos
  18. Jarier = 2 pontos

Campinas, 18 de setembro de 2003
Claudio Medaglia






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