Construído
no parque onde foi realizada a EXPO 70, o circuito Ilha de Notre
Dame, na cidade de Montreal, tem várias gincanas e duas
freadas violentas, onde os freios são muito exigidos.
Ali foi realizada a
penúltima etapa do Campeonato Mundial de Pilotos de 1980.
Nelson Piquet e Alan
Jones, separados por apenas um ponto, apresentavam-se como duelantes
pelo título.
As apostas estavam
abertas.
Frank Williams afirmava
que Jones venceria a corrida e o campeonato.
Jackie Stewart,
comentarista da rede de televisão ABC dizia que Alan Jones
merecia o título pelo que fez durante o campeonato,
lembrando, ainda, a vitória no anulado GP da Espanha.
Franco Lini, jornalista
italiano, dizia que Alan Jones era um operário do
automobilismo, enquanto Nelson Piquet era talento puro.
Lini foi mais longe ao
declarar que o brasileiro pilotava com o coração,
fazendo coisas incríveis para vencer uma corrida.
Jones, ao contrário,
era incapaz de improvisar.
Novidades na fórmula
1.
Foi anunciada, pela
Ferrari, a contratação de Didier Pironi para
substituir Jody Scheckter.
Pironi formará
dupla com Gilles Villeneuve.
Os jornalistas
italianos faziam apostas para adivinhar qual dos dois destruiria
mais carros na temporada de 1981.
Emerson Fittipaldi,
sorridente, anunciava a renovação de contrato de Keke
Rosberg.
Os treinos.
Era notável a
evolução do Brabham BT 49
Resultado de um belo
trabalho de Gordon Murray e Nelson Piquet, o carro estava
equilibrado, rápido e consistente.
Intermináveis
testes, tentativas e ajustes, culminando com a utilização
das rodas de aro 13 polegadas na dianteira, tornaram o Brabham um
carro competitivo e apto a enfrentar o poderosíssimo Williams
FW07B.
Comprovando a tendência
evolutiva, Nelson Piquet barbarizou nos treinos.
Ele obteve a pole
position colocando quase um segundo de diferença sobre Alan
Jones.
O australiano ficou
muito nervoso com a perda da pole para Piquet.
Em terceiro, alinhava
Didier Pironi.
A outra Ligier,
pilotada por Jacques Laffite, ficou com um modesto 9o
lugar.
Bruno Giacomelli, mais
uma vez, fez um magnífico treino.
Sua Alfa Romeo ficou
classificada em quarto lugar, enquanto seu companheiro de equipe,
Andréa de Cesaris, obtinha a 8a colocação
no grid.
Carlos Reutemann era o
5o colocado.
Keke Rosberg conseguiu
classificar-se em 6o lugar.
Foi um belíssimo
desempenho, mostrando a grande evolução do Fittipaldi
F8.
Emerson Fittipaldi não
foi tão rápido.
Com problemas nos
freios, Emerson ficou com a 16a posição no
grid de largada.
Insisto. Com dinheiro,
tempo e paciência a Equipe Fittipaldi poderia evoluir
bastante.
Melancolicamente, Jody
Scheckter não conseguiu classificar-se para o GP do Canadá.
Foi o ponto mais baixo
da carreira do Campeão Mundial de 1979.
Gilles Villeneuve, a
duas penas, conseguiu o 22o tempo no grid.
Sem dúvida, era
uma das piores temporadas da história da Ferrari.
Um dos motivos para o
péssimo desempenho da Ferrari, segundo alguns especialistas,
era o pneu Michelin.
A Renault, também
equipada com os pneus franceses, andava em franca decadência.
Jean-Pierre Jabouille
ficou com a 13a posição na largada.
René Arnoux foi
ainda pior.
Ele classificou o
Renault RE 20 na penúltima posição no grid de
largada.
A Corrida.
Domingo. Sol e muito
frio.
Largaram.
A primeira curva em
Montreal era á direita.
Piquet e Jones
percorreram os primeiros metros lado-a-lado.
Jones foi jogando o seu
carro para a direita, prensando o brasileiro contra o muro.
Piquet não
aliviou.
Os dois carros se
tocaram.
Piquet foi jogado
contra o muro e voltou para o centro da pista totalmente
atravessado, fechando o caminho dos demais pilotos.
Pironi bateu no carro
de Piquet.
Alguns pilotos
conseguiram evitar o acidente. Outros não.
Foi o caso de Keke
Roberg, Emerson Fittipaldi, Jean-Pierre Jarier, Derek Daly, Mario
Andretti, Jochen Mass e Andréa de Cesaris.
A corrida foi
interrompida.
Uma nova largada seria
dada uma hora depois.
Atividade frenética
nos boxes.
A Equipe Brabham
preparava o carro reserva para Nelson Piquet.
Na Equipe Fittipaldi
foi decidido que Keke Rosberg correria com o F8 reserva, enquanto
Emerson Fittipaldi pilotaria o velho F7A.
Keke, largando em 6o
lugar, tinha melhores chances de realizar uma boa corrida.
Finalmente, pela
segunda vez..........................
.......Largaram.
Didier Pironi,
visivelmente, queimou a largada.
Mesmo assim, Alan Jones
assumiu a ponta.
Nelson Piquet
ultrapassou Pironi e partiu para cima de Jones.
É importante
lembrar que Piquet, em conseqüência do acidente da
primeira largada, corria com o carro reserva configurado para os
treinos classificatórios.
Era um carro equipado
com um motor “envenenado” o que propiciou a Piquet andar
muito forte no início da corrida.
Em compensação,
temia-se pela sua durabilidade.
Pouco tempo depois,
Nelson Piquet passava por Jones e tomava a liderança.
Voando na pista, o
piloto da Brabham abria um segundo por volta para Alan Jones.
Emerson Fittipaldi
abandonou a corrida ainda na oitava volta.
Seu velho F7 não
agüentou o tranco.
Nelson Piquet liderou,
tranqüilamente, por mais de 20 voltas.
Seu desempenho era
impecável.
Ele não errava
uma freada, uma tomada de curva e era muito rápido.
Em 25 voltas a
distância para Alan Jones superava a marca de 30 segundos.
De repente, o motor do
Brabham fundiu.
No meio daquela fumaça
branca via-se Piquet saltar do carro e abandonar a corrida e a luta
pelo título.
Alan Jones era o novo
líder da corrida.
Como seu guarda-costas,
Carlos Reutemann corria em segundo lugar.
Fiel a sua fama de
piloto azarado, Jean-Pierre Jabouille perdeu os freios no ponto
mais veloz da pista e foi de encontro a um muro de concreto.
O piloto da Renault
ficou preso no carro por mais de 30 minutos.
Depois de tanto tempo,
Jabouille foi retirado do carro com as duas pernas quebradas.
Avisado pelos boxes que
estava penalizado em um minuto por ter queimado a largada, Didier
Pironi resolveu andar forte.
Pironi passou por
Reutemann.
Logo em seguida o
piloto da Ligier partiu para cima de Alan Jones.
Nessa tocada, ele
estabeleceu a melhor volta da corrida.
Sabendo da penalizacao
e procurando evitar maiores riscos, Alan Jones deixou Pironi passar.
O único trabalho
de Jones era manter-se próximo de Pironi.
Tarefa cumprida.
Alan Jones recebeu a
bandeirada da vitória secundado por Carlos Reutemann.
Dobradinha da Williams.
Didier Pironi
classificou-se em terceiro lugar, apesar de ter chegado na frente de
Jones e Reutemann.
John Watson, com o novo
McLaren M30, chegou em ótimo quarto lugar.
Gilles Villeneuve
conseguiu levar a sua Ferrari ao 5o posto.
Fazendo a melhor
corrida da sua vida, Hector Rebaque classificou o seu Brabham em 6o
lugar.
Keke Rosberg levou o
Fittipaldi F8 ao 9o lugar na corrida, duas voltas atrás
dos lideres.
Depois do Grande Prêmio
do Canadá, a classificação do campeonato ficou
assim: