GP ESTADOS UNIDOS DE 1980


15a etapa

Watkins Glenn, 5 de outubro de 1980

Com o final da temporada de 1980 encerrava-se a carreira de Jody Scheckter.
Foi organizada uma grande festa para ele, com direito a troféus, brincadeiras e abraços emocionados.
Com o status de campeão mundial, Jody Scheckter será sempre lembrado como um grande piloto e uma ótima pessoa.
Watkins Glenn também comemorou os 10 anos da primeira vitória de Emerson Fittipaldi.
Dos pilotos que largaram no GP dos Estados Unidos de 1970, Emerson era o único em atividade.
Seis deles ( Rodriguez, Phil Hill, Peterson, Cevert, Bonnier e Siffert ) já tinham morrido em acidentes.
Durante as comemorações, Emerson negou a sua aposentadoria.
O encerramento da sua carreira como piloto de fórmula 1 só foi anunciado em janeiro de 1981, tornando o GP dos EUA de 1980, oficialmente, a última corrida de Emerson Fittipaldi.

Os treinos.
O autódromo de Watkins Glenn está encravado no meio de uma área rural, cercado por pequenas fazendas e imensos gramados, bastante propício para acampamentos.
Tais características eram um convite irresistível para as multidões que invadiam o circuito americano.
A bebedeira era monumental.
Tornou-se uma tradição, nas noites de sábado, uma selvagem fogueira feita com os carros mais velhos encontrados no estacionamento.
Eu nunca entendi os americanos.
Os europeus, principalmente, estavam decepcionados com os administradores de Watkins Glenn.
Era lamentável a deterioração dos cinco quilômetros da pista.
Buracos, asfalto ondulado, desníveis na pista e sujeira eram um tormento para os pilotos.
Foram os problemas da pista os principais causadores dos violentos acidentes ocorridos nos treinos classificatórios.
Alain Prost, Eddie Cheever, Jacques Laffite e Keke Rosberg destruíram os seus carros nos treinos.
No pior deles, Prost bateu contra o guard-rail depois de ter a suspensão dianteira do seu McLaren se partido ao passar por um desnível da pista.
Alain Prost foi levado a um hospital e proibido de correr no Domingo.
Nem a bebedeira dos americanos conseguiu turvar a espetacular performance de Bruno Giacomelli.
Voando na pista, o piloto da Alfa Romeo obteve a pole position, sendo quase um segundo mais rápido que Nelson Piquet.
Carlos Reutemann fez o terceiro tempo, enquanto Alan Jones ocupava a 5a posição no grid de largada.
Entre os dois, a agradável surpresa do quarto lugar obtido por Elio de Angelis, com a Lotus 81.
Mário Andretti, com a outra Lotus, classificou-se em 11o lugar.
Com o acidente de Jean-Pierre Jabouille, a equipe Renault inscreveu apenas um carro.
Ele, pilotado por Rene Arnoux, classificou-se em 6o lugar.
Os pilotos da Ligier, Didier Pironi e Jacques Laffite, conquistaram a 7a e a 12a posição, respectivamente.
Na equipe Fittipaldi, Keke Rosberg foi mais rápido do que Emerson.
Conduzindo o modelo F8, Rosberg largaria na 14a posição.
Emerson era o décimo-nono.
Coerente com o péssimo desempenho apresentado na temporada, a equipe Ferrari, mais uma vez, foi um fiasco.
Villeneuve largaria em 18o lugar, enquanto Scheckter, em seu último treino classificatório, colocava-se em penúltimo lugar no grid.

A corrida.
Domingo. Muito frio. Pista seca.
Largaram.
Bruno Giacomelli largou muito bem e manteve a primeira colocação.
Na curva 1, Alan Jones, que tinha largado em quinto lugar ficou por fora, pegou a parte suja da pista, rodou e foi para o acostamento.
Voltou para a pista e completou a primeira volta em 17o lugar.
Nelson Piquet, mesmo não largando bem, manteve o segundo lugar.
Ninguém acreditava, mas Bruno Giacomelli e a sua Alfa Romeo, permaneciam na ponta da corrida.
E ainda por cima, aumentavam a diferença.
La atrás, Alan Jones ganhava, em média, uma posição a cada volta completada.
Na briga pelo terceiro lugar, Carlos Reutemann, Didier Pironi, Elio de Angelis e um surpreendente Hector Rebaque dominavam a atenção do público.
Algumas trocas de posição, alguns toques laterais e muitas fechadas de porta faziam a alegria dos americanos.
Reutemann, entretanto, mantinha a liderança daquele pelotão.
Giacomelli disparou na frente.
Piquet corria sozinho, em segundo.
E Alan Jones continuava a recuperar posições.
Na 15a volta, Emerson Fittipaldi abandonou a sua última corrida na fórmula 1, com problemas na suspensão do seu F8.
Emerson, rapidamente, saiu do autódromo com a sua mulher, Maria Helena, e foi para a Europa encontrar os filhos.
A Alfa Romeo de Bruno Giacomelli comandava a prova.
O italiano fazia uma corrida perfeita, sem erros.
Piquet, com problemas de pneus, continuava em segundo, perdendo terreno para Carlos Reutemann.
Com 20 voltas completadas, O Brabham BT49B de Hector Rebaque não resistiu aos buracos de Watkins Glenn.
Rebaque tinha demonstrado, em vinte voltas, o seu melhor desempenho na F1.
Lá na frente, Bruno Giacomelli, procurando poupar o carro, já administrava a diferença para os demais pilotos.
A situação de Giacomelli era tranqüila, pois Piquet, em segundo lugar, via o carro de Reutemann crescer no retrovisor.
O Brabham de Piquet estava, praticamente, sem pneus.
Até que, na volta 25, Nelson Piquet, tentando resistir aos ataques de Carlos Reutemann, rodou no S e ficou com os pneus quadrados.
Piquet foi para os boxes e sem nenhuma motivação para continuar correndo, abandonou a prova.
Carlos Reutemann, com a sua Williams FW07B, assumia o segundo lugar.
A outra Williams, conduzida por Alan Jones, já estava em quinto.
E pedindo passagem.
E uma injustiça aconteceu.
A Alfa Romeo de Bruno Giacomelli apresentou problemas elétricos e apagou.
Giacomelli ficou parado no meio de circuito.
A corrida era dele.
Foi mais uma injustiça histórica.
Carlos Reutemann herdava a liderança da corrida.
E, fantástico, Alan Jones já era o segundo colocado.
Poucas voltas depois, Jones encostava em Reutemann.
Não sei se para disfarçar alguma ordem da equipe, ou por conta da animosidade evidente entre os pilotos da Williams, Jones ficou várias voltas grudado na traseira de Reutemann.
Algumas tentativas e Reutemann mantinha a ponta.
Até que Jones pegou o vácuo de Reutemann, botou de lado, atrasou a freada e fez a ultrapassagem.
Alan Jones o líder.
Nada mais restava.
Foi uma vitória digna de um campeão mundial.
Alan Jones conquistou a quinta vitória na temporada e a décima na carreira.
Carlos Reutemann chegou em segundo lugar.
Didier Pironi, com Ligier JS-11/15, foi o terceiro.
Elio de Angelis, com Lotus 81, ficou com a quarta posição.
Jacques Laffite, com Ligier JS-11/15 foi o quinto.
Mário Andretti, com Lotus 81, foi o sexto colocado na corrida.

A Classificação final do Campeonato Mundial de Pilotos de 1980 foi a seguinte:
  1. Alan Jones = 67 pontos

  2. Nelson Piquet = 54

  3. Carlos Reutemann = 42

  4. Jacques Laffite = 34

  5. Didier Pironi = 32

  6. Rene Arnoux = 29

  7. Elio de Angelis = 13

  8. Jean-Pierre Jabouille = 9

  9. Riccardo Patrese = 7

  10. John Watson = 6

  11. Gilles Villeneuve = 6

  12. Keke Rosberg = 6

  13. Derek Daly = 6

  14. Jean-Pierre Jarier = 6

  15. Emerson Fittipaldi = 5

  16. Alain Prost = 5

  17. Jochen Mass = 4

  18. Bruno Giacomelli = 4

  19. Jody Scheckter = 2

  20. Hector Rebaque = 1

  21. Mário Andretti = 1
O Campeonato Mundial de Construtores de 1980 ficou assim:
  1. Williams = 120 pontos
  2. Ligier = 66
  3. Brabham = 55
  4. Renault = 38
  5. Lotus = 14

  6. Tyrrell = 12

  7. Arrows = 11

  8. Fittipaldi = 11
  9. McLaren = 11
  10. Ferrari = 8
  11. Alfa Romeo = 4

Campinas, 30 de outubro de 2003

Claudio Medaglia




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