GRANDE PRÊMIO DA ITÁLIA DE 1980
Imola, 14 de setembro de 1980
Pela primeira vez, desde a década de 30, o Grande Prêmio da Itália não foi realizado em Monza.
O circuito escolhido foi Imola.
A grande novidade da corrida foi a presença do comendador Enzo Ferrari, que não ia a um autódromo há mais de quinze anos.
Outra presença marcante foi a de Clay Regazzoni, em cadeira de rodas.
A equipe Alfa Romeo teve uma sexta-feira negra.
O helicóptero da equipe caiu, ferindo o piloto e 3 mecânicos.
E, para completar, Carlo Chitti, diretor da equipe, Vittorio Brambilla e Bruno Giacomelli sofreram um acidente rodoviário.
Vittorio Brambilla estava dirigindo uma Alfetta Turbo. Eles estavam atrasados para o treino e Brambilla voava na estrada. Ele entrou rápido demais em uma curva, derrapou, bateu em um Renault R5 que, por sua vez, capotou e derrubou um poste telegráfico. Ninguém se machucou.
No sábado, Piquet venceu a terceira corrida consecutiva da categoria Procar.
São automóveis BMW M1 absolutamente iguais.
Com a vitória na Itália, Piquet conquistou o campeonato.
Os treinos.
Repetindo as três últimas corridas, a Renault foi absoluta nos treinos.
Seus pilotos, Arnoux e Jabouille, ficaram com os dois primeiros tempos.
Em terceiro lugar, encontramos o argentino Carlos Reutemann, pilotando uma Williams.
Em quarto, a grande surpresa, espantando o azar de sexta-feira, Bruno Giacomelli andando muito rápido com a Alfa Romeo.
Na terceira fila, ficaram, lado a lado, os duelantes pelo título.
Piquet em quinto e Jones em 6o.
Notou-se uma grande melhora no Fittipaldi F8.
Emerson reclamava de alguns problemas no acelerador.
Com Keke Rosberg tudo funcionava bem.
O resultado foi que Rosberg obteve o 11o tempo e Emerson o 15o.
A Ferrari foi um fiasco. Villeneuve só conseguiu a 8a posição e Scheckter, um lamentável 16o lugar.
A corrida.
Largaram.
Reutemann pulou na frente, mas, a embreagem não agüentou o esforço.
Arnoux assumiu a primeira colocação seguido por Jabouille.
Piquet ocupou o terceiro posto, seguido por Giacomelli, Hector Rebaque, Villeneuve e Alan Jones.
Na terceira volta os dois pilotos da Renault brigavam entre si e, aproveitando-se de uma hesitação de Arnoux, Jabouille passa para a ponta.
Os pilotos da Renault duelavam e não repararam a aproximação de Piquet.
Piquet encostou e ultrapassou Arnoux na entrada da curva Acqua Minerale.
O brasileiro partiu para cima de Jabouille.
Uma volta mais tarde, na mesma Acqua Minerale, ultrapassou Jabouille na freada.
Piquet, pilotando redondo e sem erros, impôs um trem de corrida muito rápido.
Jabouille não conseguia acompanhar.
Nelson Piquet, absoluto, liderava.
Uma volta depois, Villeneuve ultrapassa Giacomelli.
Mais uma volta e aconteceu um grande acidente.
Villeneuve estava a 250 km/h e, ao entrar na Acqua Minerale, um pneu traseiro estourou.
O carro bateu no guard rail.
A suspensão traseira, o motor, o cambio e a roda dianteira separaram-se do carro.
O carro volta para a pista, desintegrado.
Os pilotos desviam de Villeneuve, mas um pedaço da Ferrari atingiu a Alfa Romeu ( 23 ) de Giacomelli, tirando-o da prova.
Villeneuve, por milagre, não sofreu nada.
Com a ausência de Villeneuve e Giacomelli, Alan Jones subiu para a quinta posição.
Nesta altura da corrida, dava para notar o show de pilotagem de Carlos Reutemann.
O argentino, sem embreagem, ultrapassava quem estivesse na sua frente.
O Williams era um carro extraordinário.
Enquanto Reutemann brilhava na sua corrida de recuperação, Alan Jones conquistava o quarto lugar ao passar Rebaque.
Emerson Fittipaldi, que vinha fazendo uma corrida regular, rodou, bateu forte com a traseira no guard-raill e abandonou. Ele saiu completamente tonto do carro.
Nelson Piquet continuava na liderança. Inatingível.
Jones passou Arnoux e assumiu o terceiro posto.
Carlos Reutemann voava na pista.
Passando todo mundo, já estava em quinto lugar. E sem embreagem.
Alan Jones conseguiu passar por Jabouille e chegou ao segundo lugar.
Ele estava 14 segundos atrás de Piquet.
Nelson Piquet controlava a situação.
Quando a diferença chegava a 10 segundos, ele acelerava por duas ou três voltas.
A diferença subia para 15 segundos e Piquet aliviava, poupando o carro.
Jones insistia e a diferença caia para 11 segundos.
Piquet retrucava e impunha 15 segundos de diferença.
Jones desistiu e acomodou-se com o segundo lugar.
Jabouille abandonou com o cambio quebrado.
Jarier, sem freios, também sai da corrida.
Com as quebras dos adversários, Carlos Reutemann chegou ao terceiro lugar.
Elio de Angelis e Keke Rosberg, também beneficiados com os abandonos, conquistaram o 4o e o 5o lugar, respectivamente.
Nelson Piquet venceu o GP da Itália de fórma sólida e consistente.
Foi a terceira vitória de Piquet na Fórmula 1.
Jones ficou em segundo e, para espanto geral, não apareceu no pódio.
Campinas, 8 de junho de 2001
Cláudio Medaglia