Long Beach, 30 de marco de 1980
Depois das três primeiras etapas, Argentina, Brasil e Africa do Sul, o circo da fórmula 1 chegou a América do Norte.
Nas corridas anteriores notamos a maturidade e o crescimento da Williams, da Renault e da Ligier.
Confirmava-se, também, o belíssimo estágio evolutivo da Brabham.
A troca do motor Alfa Romeu pelo propulsor Ford foi uma decisao tão feliz quanto a confirmacao de Nelson Piquet como primeiro piloto da equipe.
A decepcao do início da temporada era a Ferrari. Seus dois pilotos, o campeão do ano anterior, Jody Scheckter e o espetacular Gilles Villeneuve, não marcaram nenhum ponto nas corridas anteriores.
Os treinos.
Jan Lammers, a grande surpresa, obteve a quarta posição no grid de largada, ao volante do seu ATS-Ford.
A Alfa Romeo, boa de treino, colocou seus dois carros em posição de destaque no grid,
com Depailler em terceiro e Giacomelli em sexto.
Um dos favoritos, Rene Arnoux, com a sua Renault, ficou com a segunda colocação na largada.
Nelson Piquet, com o carro magnificamente acertado, conquistou a pole position, com quase um segundo a menos que o segundo colocado.
Foi a primeira pole da carreira de Piquet.
A alegria de Piquet contrastava com a preocupação de Emerson Fittipaldi. O brasileiro precisou suar sangue para classificar o F7 em último lugar. A melhor volta de Emerson, no treino classificatório, foi cinco segundos mais lenta que a de Piquet.
O chefe da equipe, Wilsinho Fittipaldi, chegou a dizer para Emerson, ao final do treino: - Amanha, pega esta merda e manda bala na corrida. Se continuar assim a gente aposenta o F7.
A corrida.
Chegou o Domingo.
Largaram.
Piquet fez uma largada perfeita e contornou a primeira curva na liderança.
Rene Arnoux e perdeu a Segunda posição para Depailler.
O outro piloto da Brabham, o argentino Ricardo Zunino, estatelou-se contra o muro na primeira curva.
Abandonaram a corrida, ainda na primeira volta, a surpresa do treino, Jan Lammers, e Mário Andretti ( Lotus ).
A Segunda volta foi completada com Piquet, Depailler, Arnoux, Jones, Giacomelli, Reutemann, Jarier e De Angelis.
Na terceira volta, em conseqüência de uma feroz disputa pelo quinto lugar, quatro pilotos ( Giacomelli, Reutemann, Jarier e Elio de Angelis ) entraram juntos na curva do cotovelo.
Só passava um carro.
Entraram quatro.
Não deu, é claro.
A Alfa de Giacomelli ficou atravessada na pista, com a frente afundada na cerca de protecao.
Os outros três carros bateram entre si.
Todos os pilotos escaparam ilesos, menos De Angelis, que teve uma perna fraturada.
Gracas a sua condução segura e contando com o abandono de vários competidores, Emerson Fittipaldi já estava em 14o lugar.
Nelson Piquet não dava a menor chance aos adversários, conduzindo o seu Brabham com a imbatível combinacao de rapidez e consistência.
Rene Arnoux via o seu Renault perder rendimento a cada volta.
Ele era ultrapassado por vários adversários de forma inapelável.
A corrida continuava sem grandes alteracoes até que, na volta 50, ocorreu a grande tragédia.
Clay
Regazzoni perdeu os freios e bateu forte no final da reta.
O acidente foi agravado pelo fato de seu carro ainda bater no Brabham de Zunino, que estava abandonado na área de escape.
O carro de Regazzoni começou a incendiar.
Os bombeiros agiram rapidamente e controlaram o fogo em poucos segundos.
O drama de Regazzoni não tinha acabado.
Desacordado, com várias fraturas e preso as ferragens, a equipe de socorro só conseguiu liberar o piloto depois de intermináveis trinta minutos.
Clay Regazzoni foi imediatamente levado para o hospital mais próximo e operado.
O piloto teve fraturas nas duas pernas, pequena comocao cerebral e, terrível, esmagamento da 12a vértebra.
Clay Regazzoni ficou irremediavelmente paralítico.
Regazzoni anda com cadeira de rodas e, ainda hoje, participa de competicoes automobilísticas pilotando carros adaptados.
Vamos voltar a corrida.
A prova estava chegando a sua fase final.
O italiano Riccardo Patrese, com a Arrows cada vez melhor, assumiu o segundo lugar na corrida.
Didier Pironi e Jochen Mass vinham em terceiro e quarto.
Emerson Fittipaldi, sensacional, não parava de ganhar posicoes.
Já estava em quinto lugar.
Era uma corrida muito acidentada e com vários problemas mecânicos acometendo os participantes.
Emerson, neste cenário, não parava de galgar posicoes.
A próxima vítima foi Pironi.
Sua Ligier começou a perder rendimento e Emerson ultrapassou-o.
O brasileiro foi para a quarta posição.
Parecendo praga, Jochen Mass também começou a enfrentar problemas mecânicos no seu Arrows.
Emerson não perdoou e consegui passar por ele.
Assumiu um inacreditável terceiro lugar.
Enquanto isso, sem nenhum problema, Nelson Piquet conduzia a sua Brabham BT 49 para uma irepreensivel vitória.
Piquet tinha sido o pole position e, para coroar uma grande corrida, estabelecera a volta mais rápida da prova.
Foi a primeira vitória brasileira desde o GP da Inglaterra de 1975, conquistado pelo Emerson Fittipaldi.
Um longo intervalo de cinco anos.
As vitórias brasileiras estavam de volta.