GRANDE PREMIO DA BÉLGICA DE 1981


Zolder, 17 de maio de 1981

Foi uma corrida trágica.

Durante os treinos de sexta-feira, o argentino Carlos Reutemann atropelou o mecânico da Osella, Giovani Amadeo.

Ele morreu.

A culpa não foi do argentino, tendo em vista a pequena área dos boxes e o número elevado de pessoas que não tinham de estar ali.

Depois da tragédia, os treinos recomeçaram e os principais classificados foram os seguintes:

  1. Carlos Reutemann ( Williams )

  2. Nelson Piquet ( Brabham )

  3. Didier Pironi ( Ferrari )

  4. Riccardo Patrese ( Arrows )

  5. John Watson ( McLaren )

  6. Alan Jones ( Williams )

  7. Gilles Villeneuve ( Ferrari )

  8. Eddie Cheever ( Tyrrell )

  9. Jacques Laffite ( Ligier )

  10. Nigel Mansell ( Lotus )

  11. Keke Rosberg ( Fittipaldi )

  12. Alain Prost ( Renault

No Domingo, um pouco antes da largada, todos os mecanicos ficaram na frente do grid, impedindo o início da corrida. Eles protestavam contra a falta de segurança e a conseqüente morte do piloto da Osella.

Os mecânicos da Lotus, oportunamente, protestaram contra a eliminação do Lotus 88 e a aceitação de todos os carros que o copiaram.

Foi uma vergonha.

O Lotus banido e os outros carros, verdadeiros clones, tranqüilos na pista.

Quando os pilotos viram aquele protesto, soltaram os cintos de segurança e se juntaram ao grupo.

Confusão total.

Os organizadores e os chefes de equipe tentavam obrigar os pilotos a retornar aos seus carros.

O mais pressionado era Nelson Piquet.

Seu chefe, Bernie Ecclestone, estava uma fera.

Depois de muito tempo, achando que o protesto já tinha alcançado seus objetivos, os mecânicos voltaram aos boxes.

E os pilotos aos seus carros.

Aí começou outra confusão.

A medida em que os pilotos afivelavam os cintos de segurança, auxiliados pelos mecânicos, e saiam para a volta de apresentação, outros mais lentos, ainda discutiam fora dos carros.

Virou um caos.

Os carros driblavam os mecânicos, pilotos e outros autos.

Quase aconteceram novos atropelamentos.

Completada a volta de apresentação, carros alinhados, Riccardo Patrese fazia sinais com os braços, indicando que o motor tinha morrido.

David Luchett, chefe dos mecânicos, foi correndo acionar o motor de arranque.

O maluco do diretor da prova, já de saco cheio de tanta confusão, deu a largada assim mesmo.

Todo mundo desviou do Patrese, menos seu companheiro de equipe, Siegfried Stohr, que encheu a traseira do Arrows e prensou o mecânico.

Ele teve fratura nas duas pernas e traumatismo craniano.

Depois de tudo isso, vamos a corrida.

Largando muito bem, Pironi pulou na frente, seguido de Reutemann e Piquet.

Na terceira volta Piquet ultrapassa Reutemann.

Na quinta, Jones também passou Reutemann.

Alan Jones foi para cima de Piquet.

Por duas vezes ele tentou a ultrapassagem e não conseguiu.

Na terceira tentativa, Jones deu um totó na traseira do Brabham de Piquet, mandando-o para fora da pista e da corrida.

Na época, Piquet declarou o seguinte sobre o acidente:

-“Ele é uma besta. Está desesperado porque está correndo atrás do Reutemann. Jones nunca foi um piloto excepcional. Ele teve sorte de pegar um carro muito bem acertado e com um ótimo desenhista”.

Logo em seguida, endossando as palavras de Piquet, Jones errou sozinho e foi parar no guard-rail.

Didier Pironi foi, com problemas nos freios, caindo várias posições.

Jacques Laffite, apesar de toda a sua combatividade e garra em tentar acompanhar o ritmo imposto por Reutemann, não tem equipamento para andar na ponta.

O inglês Nigel Mansell, pilotando sua Lotus, fez uma corrida brilhante e regular. Marcou seus primeiros pontos no campeonato e foi para o pódio.

Os torcedores ingleses estavam sedentos por um piloto de ponta.

Mansell será este piloto?

A resposta será dada alguns anos mais tarde.

Carlos Reutemann assumiu a ponta e não deu chance a ninguém.

Ele está atravessando sua melhor fase como piloto.

Em Zolder soube evitar todos os riscos do início da corrida e manteve um ritmo fortíssimo, mesmo depois de distanciar-se de Laffite.

Na volta 55 ( de um total de 70 ) a corrida foi interrompida e encerrada pela forte chuva que começou a cair.

Reutemann fez a pole-position, venceu a corrida, fez a melhor volta da prova e de quebra, bateu o recorde de Fangio, conseguindo 15 classificacoes consecutivas entre os seis primeiros.

Mas ele não comemorou.

A lembrança da morte do mecânico Giovani Amadeo era mais forte.


Campinas, 16 de outubro de 1999


Cláudio Medaglia


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