GRANDE PRÊMIO DO CANADÁ DE 1984


Montreal, 17 de junho de 1984


Até aqui, com seis corridas realizadas, a McLaren apresentava-se imbatível. Era uma combinação formidável de talentos. Alain Prost e Niki Lauda dirigiam um chassi notável, impulsionado por um consistente motor Porsche.

Sua rival, a Brabham, também tinha um motor alemão, o BMW e um piloto a altura de Prost e Lauda, o brasileiro Nelson Piquet.

Nas etapas anteriores o motor BMW apresentou muitos problemas e quebras seguidas.

Para resolver o defeito do crônico superaquecimento, o projetista Gordon Murray deslocou o radiador de óleo para o bico do carro. Foi feito um pequeno triangulo recortado na carenagem para a tomada de ar.

Funcionou.

Nelson Piquet fez a pole position, seguido por Alain Prost, conduzindo uma McLaren.

Sessenta mil pessoas foram ao circuito Gilles Villeneuve, aproveitando o domingo de sol e calor.

Largaram.

Prost largou melhor e saltou na frente.

Piquet ficou em segundo.

Antes de completarem a primeira volta, Piquet ultrapassou Alain Prost e assumiu a liderança da corrida.

Piquet e Prost travaram um duelo de prender a respiração.

Piquet estava perfeito. Com o seu estilo limpo de pilotagem, andava muito rápido ser forçar o carro. Ele não cometeu nenhum erro, nenhuma derrapagem ou freada inesperada.

Alain Prost, guiando com a sua costumeira competência, grudou na traseira de Piquet, não permitindo que a diferença entre os dois fosse maior do que 1 segundo.

Piquet andava muito rápido e Prost, tão rápido quanto ele, acompanhava.

Niki Lauda, na volta 44, resolveu partir para o ataque.

Ultrapassou Prost e foi para cima de Piquet.

Aconteceu, então, o grande lance da corrida. Niki Lauda foi obrigado a dar uma demonstracao de sua enorme perícia. Elio de Angelis, pilotando uma Lotus, errou uma freada, passou reto na curva, atravessou todo o gramado e foi direto, na contra-mao, em direção a Lauda.

O austríaco, apesar de estar em plena curva, conseguiu, espetacularmente, desviar da Lotus. Ao fazer isso, começou a desgarrar. Com notável habilidade, corrigiu o carro, não saiu para o acostamento, dando leves toques na direção e seguiu firme na corrida, ainda em segundo lugar.

Elio de Angelis também continuou na corrida.

Piquet estava liderando tranqüilamente.

Niki Lauda vinha em segundo e Alain Prost seguia em terceiro.

Ayrton Senna, pilotando uma Toleman vinha em um excelente sétimo lugar, depois de ter largado na nona posição.

Senna foi protagonista de um belo duelo com a Ferrari de René Arnoux.

Elio de Angelis terminou a corrida em quarto lugar.

René Arnoux ficou em quinto.

Nigel Mansell, com a outra Lotus, ficou em 6o lugar.

A Brabham de Piquet não quebrou e venceu.

A modificação do radiador de óleo foi mais um achado de Gordon Murray. Porém, apresentou um grande efeito colateral. A tubulação de óleo do novo radiador cozinhou o pé direito de Piquet.

Nelson Piquet, bem ao seu estilo, foi caminhando descalço rumo ao pódio.

Lá, feliz da vida, exibia as bolhas do seu pé para Niki Lauda e Alain Prost.


Campinas, 7 de abril de 2001


Cláudio Medaglia



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