ELIZABETH BATHORY
(1560 - 1614)
Elizabeth Bathory foi a condessa que torturou e assassinou várias jovens e, por causa disso, ficou conhecida como um dos verdadeiros Vampiros da história. Embora citada freqüentemente como húngara, devido grande parte ao deslocamento de fronteiras do Império Húngaro, ela era na realidade mais intimamente com o que hoje é a República Eslovaca. A maior parte de sua vida adulta foi passada no castelo Cachtice, perto da cidade de Vishine, a nordeste do que hoje é a Bratislava, onde a Áustria, a Hungria e a Eslováquia se juntam. O castelo foi erroneamente citado por Raymond T. McNally como situado na Transilvânia.
Elizabeth cresceu numa era em que a maior parte da Hungria tinha sido conquistada pelas forças turcas do Império Otomano, sendo o campo de batalha entre os exércitos da Turquia e a Áustria (Habsburgo). A área também ficou dividida pelas diferenças religiosas. A família de Bathory se juntou à nova de protestantismo que fazia oposição ao catolicismo romano tradicional. Foi criada na propriedade da família Bathory em Ecsed, na Transilvânia. Quando criança era sujeita a doenças repentinas, acompanhadas por intenso rancor e comportamento incontrolável. Em 1571, seu primo Stephen tornou-se príncipe da Transilvânia e, mais tarde na mesma década, ascendeu ao trono da Polônia. Foi um dos regentes mais competentes da sua época, embora seus planos para a unificação da Europa contra os turcos fossem frustados em virtude dos esforços necessários para combater Ivan, o Terrível, que cobiçava o território de Stephen.
Em 1574, Elizabeth engravidou como resultado de um breve affair com um camponês. Quando sua condição se tornou visível, foi escondida até a chegada do bebê, porque estava noiva do Conde Ferenc Nadasdy. O casamento ocorreu em maio de 1575. O Conde Nadasdy era soldado e ficava fora de casa, freqüentemente por longos períodos. Nesse meio tempo, Elizabeth assumia os deveres de cuidar dos assuntos do Castelo Sarvar, de propriedade da família Nadasdy. Foi aí que sua carreira maligna realmente começou - com o disciplinamento de um grande contingente de empregados, principalmente mulheres jovens.
Num período em que o comportamento cruel e arbitrário dos que mantinham o poder para com os criados era coisa comum, o nível de crueldade de Elizabeth era notório. Ela não apenas punia quem infringia seus regulamentos, como também encontrava desculpas para infligir punições e se deleitava na tortura e na morte de suas vítimas muito além do que seus contemporâneos poderiam aceitar. Enfiava pinos em vários pontos sensíveis do corpo, como, por exemplo, embaixo das unhas. No inverno executavas as vítimas fazendo-as se despir e andar na neve, despejando água gelada nelas até o ponto de congelamento corporal.
O marido de Elizabeth juntava-se a ela nesse tipo de comportamento sádico e até ensinou-lhe algumas modalidades de punição, mostrou-lhe, por exemplo, uma variação desses exercícios de congelamento para o verão: despia uma mulher e a cobria de mel, deixando-a à mercê dos insetos. Ele morreu em 1604 e Elizabeth mudou-se para Viena após o seu enterro. Passou também algum tempo em sua propriedade de Beckov e no solar de Cachtice, ambos localizados onde é hoje a Eslováquia. Esses foram os cenários de seus atos mais famosos e depravados.
Nos anos que se seguiram após a morte do marido, a companheira de Elizabeth no crime foi uma mulher de nome Anna Darvulia, de quem pouco se sabe. Quando a saúde de Darvulia piorou em 1609, Elizabeth se voltou para Erzsi Majorova, viúva de um fazendeiro local, seu inquilino. Majorova parece ter sido responsável pelo declínio final de Elizabeth, ao encorajá-la a incluir algumas mulheres de estirpe nobre entre suas vítimas. Em virtude de estar tendo dificuldades para arregimentar mais jovens como servas a medida que os rumores de suas atividades se espalhavam pelas redondezas, Elizabeth seguiu os conselhos de Majorova. Em algum período de 1609, ela matou uma jovem nobre e encobriu o fato dizendo que fora suicídio.
Já no início do verão de 1610, as investigações iniciais em torno dos crimes de Elizabeth tinham começado. A base das investigações era política, a despeito do número crescente de vítimas. A Coroa esperava confiscar o latifúndio de Elizabeth e deixar de pagar o alto empréstimo que seu marido tinha feito ao Rei. Com isso em mente, Elizabeth foi presa no dia 26 de dezembro de 1610. Elizabeth foi julgada alguns dias depois. O julgamento foi conduzido pelo Conde Thurzo, como agente do rei. Conforme o registro, o julgamento (acertadamente caracterizado como uma farsa pelo biógrafo de Bathory, Raymond T. McNally ) foi iniciado não apenas para se obter uma condenação, mas também para confiscar suas terras. Uma semana após seu primeiro julgamento, foi realizada uma segunda sessão, em 7 de janeiro de 1611. Neste, uma agenda encontrada nos aposentos de Elizabeth foi apresentada como prova. Continha o nome de 650 vítimas, todos registrados com a letra de Elizabeth. Seus cúmplices foram condenados a morte, sendo a forma de execução determinada por seus papeis nas torturas. Elizabeth foi condenada a prisão perpétua, em solitária. Foi colocada num aposento do Castelo de Cachtice, sem portas ou janelas - apenas uma pequena abertura para a passagem de ar e de alimentos, lá permanecendo pelos três anos seguintes até sua morte em 21 de agosto de 1614. Foi sepultada nas terras de Bathory, em Ecsed.
Além de sua reputação como assassina sádica, com mais de seiscentas vítimas, foi acusada de ser uma lobisomem e Vampira. Durante seus julgamentos, testemunha afirmaram em várias ocasiões ela mordia o corpo de suas vítimas durante suas torturas. Esses acusações tornaram-se a base para suas conexões com o lobisomenismo. As ligações entre Elizabeth e o vampirismo são um pouco mais tênues. Naturalmente havia uma crença popular nas terras eslavas de que os lobisomens em vida se tornavam Vampiros após a morte, mas essa não foi a acusação feita a Elizabeth. A o contrário ela foi acusada de drenar o sangue de suas vítimas e banhar-se nesse sangue para reter sua juventude. Por todos os parâmetros, Elizabeth era uma mulher muito atraente.
(Alexandre Villas)